A terra viva sob os pés
O geoturismo é a maneira mais genuína de conhecer o arquipélago e explorar a terra na sua forma mais crua e original.
Grutas, caldeiras, fontes termais e trilhos de lava revelam a força geológica que moldou o arquipélago e que, em muitos locais, ainda se faz sentir.
A Rota dos Vulcões é um dos caminhos mais emblemáticos e marcados pela força da terra. No Faial, é o vulcão dos Capelinhos que mostra o impacto de uma erupção que, em 1957, mudou para sempre aquela costa, acrescentando nova terra à ilha.
No Pico, a Gruta das Torres permite atravessar o maior túnel lávico do País, com cinco quilómetros, formado pelo fluxo lento da lava há milhares de anos.
Em São Miguel, nas Furnas, as águas termais, naturalmente aquecidas, atraem e convidam ao relaxamento. Também ali, sob o calor do subsolo, se prepara o famoso cozido, enterrado na terra e cozinhado lentamente pela energia do vulcão, um exemplo de como a geologia se cruza com a cultura local, até à mesa.
Na Graciosa, a Furna do Enxofre impressiona pela sua dimensão, uma cúpula natural esconde um lago sulfuroso no interior de uma antiga câmara magmática. Estas paisagens e experiências são protegidas e valorizadas pelo Geoparque Açores, que organiza rotas temáticas e percursos em várias ilhas.
Aqui, a terra ainda respira e revela a sua história a quem a percorre com atenção.
Recantos que dão cor às ilhas
Grutas, vulcões e furnas deixam os visitantes encantados... assim como as localidades que têm uma beleza singular. Nos Açores, as vilas, as aldeias e as cidades espalhadas pelas ilhas dão vida e cor às paisagens. Guardam histórias raras, autênticas e surpreendentes, feitas de resistência, cultura e segredos que nem todos conhecem
Em Angra do Heroísmo, na Terceira, o casario branco e as igrejas barrocas não escondem as marcas de uma cidade que viveu importantes batalhas políticas no século XIX, que ajudaram a forjar a identidade açoriana. O Castelo de São João Baptista, que vigia a baía, continua a ser símbolo dessa resistência. Desde 1983, Angra é Património Mundial da UNESCO – e não é por acaso.
Ponta Delgada, em São Miguel, é o maior centro urbano do arquipélago, mas esconde surpresas como uma pequena sinagoga do século XIX, testemunho da presença de uma comunidade judaica que encontrou nos Açores um inesperado refúgio. Entre as suas ruas animadas e a festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres, pulsa uma história multicultural à espera de ser visitada.
Na Horta, no Faial, o mar é o protagonista. A marina internacional é uma espécie de diário de bordo vivo, com murais pintados por velejadores que cruzam o Atlântico, e o Peter Café Sport é mais do que só um bar, é um ponto de encontro onde histórias se contam com sotaques de todas as latitudes.
No Pico, a vila Madalena desafia a natureza com vinhas que brotam da lava endurecida, numa paisagem vitivinícola classificada como Património Mundial da UNESCO.
Vila do Corvo, é a menor vila de Portugal, com cerca de 400 habitantes, mas mantém portas abertas e um ritmo próprio, em que a confiança e as tradições resistem no meio da modernidade acelerada, oferecendo um refúgio de autenticidade quase intocada.
Nas Flores (Santa Cruz das Flores) e em São Jorge (Velas), o compromisso com a sustentabilidade e as práticas tradicionais traduz-se numa produção artesanal de excelência, como o queijo de São Jorge, e numa gestão ambiental exemplar que preserva a identidade destas ilhas.
Na Graciosa, a vila de Santa Cruz respira autenticidade. Os moinhos de vento de inspiração nórdica, as ruelas apertadas e o sossego constante revelam um lugar onde o tempo parece andar mais devagar.
Vila do Porto, em Santa Maria, é a mais antiga povoação açoriana. Foi daqui que se começou a escrever a história das ilhas. Hoje, mantém a sua importância simbólica e patrimonial, com paisagens de contraste: entre praias claras e montes vermelhos do Barreiro da Faneca.