Num mundo em constante mudança, em que o digital e a inovação ditam as regras do jogo, a qualificação dos recursos humanos é um trunfo indispensável para qualquer organização que se pretenda manter competitiva. A formação de executivos, em particular, assume um papel decisivo no desenvolvimento de lideranças capazes de enfrentar os desafios atuais e futuros. Nesta conversa, Ricardo Fortes da Costa, vice-presidente da Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas (APG), fala sobre o trabalho da associação na valorização do capital humano, a importância da formação de executivos e as tendências que moldam o futuro desta área.
De que forma a formação de executivos influencia a cultura e a competitividade das organizações?
Quando bem desenhada em parceria entre as entidades formadoras e as organizações, a formação de executivos pode ter um potencial transformador imenso, ajudando à criação de culturas de excelência e de verdadeiras comunidades de aprendizagem e inovação nas empresas, gerando uma dinâmica de competitividade sustentável. No entanto, como uma pessoa sábia uma vez me disse, "o que importa não é o instrumento, mas sim o uso que fazemos dele". Esta máxima aplica-se claramente ao potencial de criação de valor que a formação de executivos pode (ou não) cumprir.
Considera que as empresas em Portugal apoiam os seus executivos na procura por este tipo de formação?
Não tanto quanto gostaríamos, mas com muito mais empenho do que imaginaríamos há uma década. O tecido empresarial português, juntamente com os seus gestores e líderes, evoluiu bastante nos últimos anos. Atualmente, a qualificação dos recursos humanos é encarada com muito mais atenção e profissionalismo do que anteriormente. As adversidades da última década aceleraram a evolução de mentalidades e fizeram emergir práticas que refletem o que de melhor se faz na gestão de pessoas à escala global.
Quais são as competências desenvolvidas através da formação de executivos mais valorizadas no mercado?
As competências essenciais para gerir uma força de trabalho no século XXI, num mundo ambíguo, digital e disruptivo: liderança, pensamento crítico, criatividade e inovação, gestão de pessoas, comunicação, literacia digital, agilidade emocional, gestão da diversidade e empatia. No fundo, são as competências destacadas pelo Fórum Económico Mundial nos últimos anos.
Que benefícios têm as empresas que investem na formação pós-graduada dos seus executivos, em termos de retenção de talentos?
A aposta na qualificação dos executivos tipicamente impacta nos seus níveis de compromisso, o que tende a aumentar a sua predisposição para maiores níveis de esforço discricionário (levando a maiores e melhores performances) e a sua intenção de permanecer na organização (maior retenção de talentos). Isto leva a organizações com forças de trabalho mais estáveis e produtivas. Todos os estudos internacionais das últimas duas décadas confirmam isto.
Quais são os principais indicadores de sucesso utilizados para medir o impacto da formação de executivos na valorização das pessoas?
Na nossa opinião, os principais indicadores de sucesso são a produtividade, a retenção, os níveis de satisfação e engagement e (quando bem trabalhado) o ROI das iniciativas de formação de executivos.
Como contribui a APG para a valorização do capital humano em Portugal?
A APG promove não só a qualificação de todos os profissionais de recursos humanos, como estimula o debate, a investigação e a partilha de conhecimento e boas-práticas no seio da comunidade profissional que representa. Nesse âmbito promove o seu encontro anual – IPC: International People Conference, atualmente o maior evento de RH em Portugal, o HR Digital by APG, o maior e mais impactante evento dedicado ao digital na gestão das pessoas, bem como eventos regionais – APG People Hub –, um Encontro de Jovens anual, assim como promove a sua presença num conjunto de outras iniciativas ligadas à gestão das pessoas.
A aposta na qualificação dos executivos tipicamente impacta nos seus níveis de compromisso, o que tende a aumentar a sua predisposição para maiores níveis de esforço discricionário e a sua intenção de permanecer na organização.
Ricardo Fortes da Costa, vice-presidente da Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas
A APG está representada ainda nas instituições internacionais de RH – EAPM – European Association of People Management – e também na WFPMA – World Federation of People Management Association, tendo igualmente presença no espaço lusófono através da sua colaboração com as associações congéneres. Promovemos ainda parcerias com várias instituições universitárias portuguesas, como por exemplo o ISEG, a Nova SBE, A Coimbra Business School, entre outras.