Embora os portugueses tradicionalmente tenham uma certa resistência à mudança, nos últimos anos, Cristina Cunha, coordenadora da ISAG Executive, constata que se tem assistido a uma maior abertura para a formação/qualificação contínua, refletindo uma crescente necessidade de adaptação a um ambiente empresarial global em constante transformação. Assim sendo, o mercado de formação para executivos em Portugal tem conhecido uma evolução bastante positiva nos últimos anos.  As empresas portuguesas, conscientes da importância de dotar os seus líderes com competências atualizadas e de promover uma cultura de aprendizagem contínua, têm apostado significativamente em programas de formação executiva para fomentar a competitividade, a inovação e a sustentabilidade. "Temos observado uma crescente valorização da especialização, impulsionada pela digitalização, transformação dos modelos de negócio e pelas novas exigências do mercado global", confirma Óscar Afonso, diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto.

Diversificação é chave para o sucesso

Por sua vez, João Pinto, dean da Católica Porto Business School, reconhece também que há um interesse crescente neste tipo de formação por parte de profissionais que desejam trabalhar em áreas sem fins lucrativos, na economia social ou em organizações de desenvolvimento, alinhadas com os objetivos de desenvolvimento sustentável. Da mesma forma, João Pinto revela que na Católica Porto Business School há já uma maioria de estudantes mulheres nos seus programas, o que, segundo ele, "é raro nas escolas de negócios e representa uma mais-valia para a instituição".

A diversificação das áreas de formação, assim como o aumento da oferta em formatos mais flexíveis, como o híbrido, também tem contribuído para o crescimento e sofisticação deste mercado. Segundo o diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, Óscar Afonso, esta formação distingue-se pela sua orientação prática e pela focalização no desenvolvimento de competências diretamente aplicáveis ao contexto empresarial, sendo desenhada para profissionais experientes, geralmente em posições de liderança ou gestão, que pretendem aperfeiçoar e atualizar as suas competências em áreas específicas.

Forte ligação às empresas

José Crespo de Carvalho, presidente do ISCTE Executive Education, afirma que a formação executiva é concebida para dar resposta a desafios reais de gestão, proporcionando aos executivos ferramentas e competências aplicáveis no seu dia a dia profissional. "O foco está na estratégia, liderança e na tomada de decisões complexas em ambientes dinâmicos, mas também na criação de autonomia decisional com competências para tal. Uma das questões mais críticas é que toda esta formação se deve passar em ambiente centrado na pessoa e na construção de pessoas", sustenta este docente.

Estes programas abordam de forma direta os desafios concretos das organizações, frequentemente em colaboração com parceiros empresariais de renome, e promovem o networking com outros profissionais e líderes do setor. "A forte ligação às empresas e a componente prática das aulas, que por vezes é transportada para cenários reais, permite transportar os profissionais para a sua realidade empresarial", afirma Marta Ferreira, coordenadora executiva da Portucalense Business School.

Por outro lado, a flexibilidade dos horários, assim como a possibilidade de escolha entre modalidades presenciais, híbridas ou online, são também características fundamentais deste tipo de formação, permitindo uma adaptação às necessidades dos participantes.