Sabemos que o mercado está em constante evolução, o que exige uma adaptação contínua a novos modelos de negócio e às mudanças nas expectativas dos próprios profissionais, bem como à crescente gig economy. A tendência atual é a procura por líderes com um conjunto de competências robustas, tanto pessoais, quanto técnicas. Estes líderes devem promover um ambiente colaborativo e produtivo, ter uma mentalidade digital-first, uma liderança estratégica, capacidade de tomada de decisão e uma forte compreensão de sustentabilidade e ESG (Environmental, Social, and Governance). De acordo com Ana Viçoso Ferreira – manager, Talent Transition, Learning & Development Randstad Enterprise, Randstad Portugal –, será em organizações que reconhecem estas mudanças e as incorporam no seu ADN que estes profissionais que investem na sua formação se irão posicionar. "A formação executiva é hoje vista como um dos principais diferenciadores no recrutamento de líderes empresariais", constata esta responsável.
Valorização desta formação
Embora a experiência profissional continue a ser essencial, Bernardo Samuel, diretor de Recrutamento Especializado na Adecco, reconhece que a formação executiva tem vindo a ganhar cada vez mais relevância, especialmente em cargos de liderança e gestão estratégica de negócio. "A formação executiva é cada vez mais valorizada, por essencialmente dois fatores distintos: permite oferecer uma base teórica e de aplicação prática que a experiência per si poderá não proporcionar, assim como ao nível de networking e rede de contactos que uma formação executiva poderá proporcionar, seja no âmbito dos alunos que frequentam a formação ou mesmo do corpo docente", explica o responsável.
Num ambiente organizacional tão dinâmico e exigente, o tecido empresarial tende a valorizar competências como liderança, estratégia, inovação, melhoria contínua, eficiência. Os típicos parceiros da Page Executive tendem a valorizar com maior frequência os MBA, idealmente numa universidade de referência, pese embora que para alguns setores existam certificações específicas que são também fortemente valorizadas. De acordo com Tiago Henriques, associate partner da Page Executive, quando estão em causa posições executivas, os clientes acabam por valorizar as formações executivas lecionadas em universidades de referência. "A geografia onde o candidato a desenvolve é talvez menos relevante, a verdade, hoje, é que Portugal figura em posições de destaque nos rankings da especialidade, tendo uma oferta credível, com excelente reputação, qualidade e credibilidade", destaca este especialista.
É preciso ver para lá do currículo
No entanto, Mariana Lima, team leader de Finance, Sales & Office na Wyser, alerta para o facto de a avaliação da formação executiva de um candidato transcender a mera análise curricular. Segundo a responsável da Wyser, é fundamental estabelecer uma correlação entre a formação adquirida e as funções desempenhadas, a fim de compreender o impacto positivo da capacitação do executivo no desenvolvimento das suas funções. "Existem diversas metodologias para avaliar a formação, como a análise de projetos e conquistas desenvolvidas, e mediante essa análise é possível identificar como os conhecimentos adquiridos contribuem para a resolução de problemas quotidianos e para o aprimoramento das atividades profissionais", explica esta especialista.
Assim sendo, para cargos executivos, a combinação ideal sugerida pela team leader de Finance, Sales & Office na Wyser reside na sinergia entre formação e experiência profissional. A formação proporciona o desenvolvimento de novas competências e conhecimentos, enquanto a experiência contribui para a aquisição de uma visão estratégica e a capacidade de resolução de problemas complexos. No cenário corporativo contemporâneo, esta especialista garante que as organizações demonstram uma "preferência acentuada" por candidatos com sólida experiência profissional, cuja trajetória seja marcada por conquistas relevantes. "A análise dos achievements permite avaliar a adequação do candidato ao perfil exigido pela posição, identificando se este possui as qualificações necessárias para agregar valor acrescentado à organização", sublinha Mariana Lima.