Prestes a publicar o Relatório de Sustentabilidade da empresa, João Miranda tem muito presente o progresso que a Miranda & Irmão tem feito nesta área desde que ganhou a segunda edição do SME EnterPRIZE – Prémio Europeu de Sustentabilidade para PME da Generali Tranquilidade, em 2023.
Um prémio que pela sua forte divulgação tornou possível dar a conhecer a política de sustentabilidade da Miranda & Irmão a mais empresas no setor do ciclismo, gerando "mais interesse por parte de possíveis clientes", afirma João Miranda, o administrador da empresa.
Fundada em 1950, e situada na zona de Águeda, esta PME portuguesa dedicou-se inicialmente à produção de componentes complementares para bicicletas, como buzinas e bombas de ar. Já nos anos 70, passou a produzir componentes para motas, como travões e farolins. Com a deslocalização desta indústria para a Ásia, a Miranda & Irmão dedicou-se ao fabrico de componentes para bicicletas, indústria em que se tem vindo a afirmar com a marca Miranda Bike Parts, e com a implementação de uma estratégia de sustentabilidade a todos os níveis.
Ano da neutralidade carbónica
Neste último ano, a Miranda & Irmão atingiu a neutralidade carbónica nas emissões geradas pela sua atividade e pela energia que a empresa consome. Para atingir este objetivo contribuíram diversas medidas, a aquisição de créditos de carbono certificados e a aquisição de um terreno de 26 mil metros quadrados, adjacente à fábrica, e que está a ser dinamizado do ponto de vista natural e social, incluindo áreas de lazer para os trabalhadores e trilhos. Entretanto, e olhando já para a neutralidade carbónica da sua cadeia de valor, a Miranda & Irmãos pediu um estudo ESG (sustentabilidade ambiental social e de governança) dos seus maiores fornecedores, que espera ajude a tomar decisões que permitam reduzir as suas emissões nesse âmbito mais alargado.
Investir sempre
Do ponto de vista de João Miranda um dos pontos fortes da estratégia da Miranda & Irmão é o continuado investimento no negócio, fazendo progredir a sua sustentabilidade, apostando na inovação e otimizando custos e processos. O administrador dá como exemplo "a automatização e controlo da energia usada, poupando e ganhando informação sobre o consumo de energia por produto". Um outro exemplo recente é "a aquisição de know-how e tecnologia que permite à Miranda parar de importar da Ásia um produto importante e fabricá-lo internamente, com ganhos de sustentabilidade e competitividade", refere. Isto no contexto de um esforço da empresa para ter toda a cadeia de abastecimento na Europa, seguindo a tendência geral de relocalização de indústrias na Europa e de favorecimento do produto europeu.
Inovar para a sustentabilidade
Na mesma linha, a empresa está a fazer um esforço importante de integração de tecnologias de visão, simulação e inteligência artificial, que permite "testar soluções e poupar na matéria-prima, otimizando a produção". Esta evolução continuada não se destina apenas a ganhar sustentabilidade, mas também a gerar mais e melhor negócio. "Hoje, todas as grandes empresas, os grandes clientes, têm departamentos de sustentabilidade e estão preocupados com a sustentabilidade ambiental dos fornecedores, com as condições laborais, de onde vem a matéria-prima, que certificações e garantias oferecem", afirma o responsável da Miranda & Irmão.
Na perspetiva do administrador as empresas mais pequenas também estão a fazer o mesmo caminho. "No nosso caso, como estamos no setor do ciclismo, com a sua ligação clara à natureza, as pressões e exigências ligadas a sustentabilidade são ainda mais claras", recorda. Para João Miranda, a liderança em sustentabilidade da empresa neste setor tem um motivo principal: "Conseguimos estar um passo à frente porque começámos mais cedo esta aposta e começámos com vontade de mostrar que realmente é possível estar de forma sustentável neste setor das bicicletas."