Com sede em Santarém e presença comercial em dezenas de
países, a Asfertglobal tem vindo a afirmar-se como um dos nomes mais relevantes
da biotecnologia aplicada à agricultura em Portugal.
Fundada em 2012, a empresa produz bioestimulantes,
biofertilizantes e soluções de biocontrolo que ajudam os agricultores a
aumentar a produtividade, enquanto reduzem a utilização de químicos e diminuem
o impacto ambiental da atividade agrícola. “A sustentabilidade sempre foi um
dos pilares estratégicos da Asfertglobal”, afirma Joana Lisboa, a marketing manager.
“Não se trata apenas de acompanhar uma tendência. É um fator de competitividade
e de futuro para o setor agrícola.”
No último ano, a empresa reforçou o seu compromisso
ambiental adotando um modelo de maior autonomia energética. Foram instalados
painéis fotovoltaicos que permitem reduzir a dependência de energia externa e
diminuir a pegada carbónica das operações industriais. Em paralelo, a inovação
avançou a bom ritmo nos produtos. A Asfertglobal lançou recentemente quatro
novas soluções agrícolas baseadas em micro-organismos, com o objetivo de
reduzir a aplicação de produtos químicos no solo. Estão já em fase final de desenvolvimento
mais duas soluções, previstas para o início do próximo ano. “O desenvolvimento
de soluções de biotecnologia agrícola é lento e exigente”, explica Joana
Lisboa. “É necessário estudar o micro-organismo, testar a sua eficácia no solo
e compreender o impacto direto na planta. São processos de anos, mas temos tido
bons resultados”, afirma.
Uma agricultura que cuida do solo
As soluções desta PME portuguesa integram-se numa mudança de
paradigma agrícola que é impulsionada também por políticas europeias, como a
estratégia Farm to Fork, que prevê reduções significativas no uso de pesticidas
e fertilizantes químicos até 2030. Para Joana Lisboa, esta tendência é clara: “Os
solos estão cada vez mais saturados. É inevitável mudar. Os micro-organismos
permitem disponibilizar nutrientes que já existem no solo, e os metabolitos
reforçam a resistência das plantas a stress climático, doenças ou falta
de água. Isso traduz-se numa agricultura mais eficiente e com menos químicos.”
Entretanto, o reconhecimento dado pelo SME EnterPRIZE ajudou
a consolidar a reputação da empresa junto de clientes e parceiros. “Trouxe-nos
visibilidade e validação do nosso caminho”, diz Joana Lisboa. No último ano, a Asfertglobal
cresceu em volume de negócios e expandiu-se para novos mercados. Hoje, além de
Espanha, Polónia, África do Sul, Estados Unidos e México, está também a
desenvolver operações no Chile, Filipinas, Malásia, China e Coreia do Sul. Na
América Latina, o crescimento tem sido “sólido e sustentado”, afirma a
responsável.
Os solos estão cada vez mais saturados. É inevitável mudar o paradigma e produzir com menos químicos.
Joana Lisboa, marketing manager da Asfertglobal
Novas tecnologias e futuro
A inovação continua a ser um dos motores da Asfertglobal.
Nos últimos meses, a empresa reforçou a área de biocontrolo com novas soluções
à base de Bacillus thuringiensis e Bacillus amyloliquefaciens,
oferecendo alternativas sustentáveis aos químicos tradicionais. Em paralelo,
apresentou a tecnologia MetaPure, que permite isolar metabolitos bioativos com
impacto direto na saúde das plantas. O primeiro produto resultante desta
tecnologia, o Kiplant MetaZym, aumenta a resiliência das culturas a stress
e doenças, representando um novo marco no desenvolvimento de soluções
biotecnológicas para uma agricultura mais sustentável.
No entanto, a mudança das mentalidades permanece como o
principal desafio. “Há agricultores que trabalharam toda a vida com químicos e
ainda resistem à transição”, explica Joana Lisboa. “Mas essa resistência está a
diminuir e nota-se uma maior abertura ano após ano”, conclui.