Já passou um ano desde que a Valérius 360 foi distinguida na segunda edição do SME Enter- PRIZE I Prémio Europeu de Sustentabilidade para PME da Generali Tranquilidade. "Esta distinção foi importante porque valida o trabalho que estamos a fazer e é mais um argumento que utilizamos, com orgulho, com os nossos clientes", explica Ana Tavares, CEO da RDD Textiles do Grupo Valérius. Foi um prémio que permite à empresa "fazer passar melhor a mensagem da sustentabilidade", acrescenta a responsável. Uma mensagem que está a passar cada vez melhor numa indústria que tem de responder, não só ao crescimento da legislação europeia no domínio da sustentabilidade, como a consumidores mais sensíveis ao desperdício e ao consumo de recursos, e a marcas que querem responder a esta sensibilidade com produtos que incorporam mais têxteis reciclados e reutilizados.
Foi neste contexto que surgiu a Valérius 360, com novas soluções para, precisamente, reutilizar a matéria-prima desperdiçada durante a confeção e para reciclar peças que ficam em stock ou que chegam ao fim do seu ciclo de vida, quando o consumidor já não as quer.
Servir a indústria nacional
A Valérius 360 está situada perto de Vila do Conde, área onde está baseada 89% da indústria têxtil nacional. Uma situação geográfica importante, que permitiu estabelecer parcerias e colaborações com fabricantes, distribuidores e marcas da indústria, para garantir os volumes de desperdício têxtil que alimentam o centro de reciclagem da empresa. Este centro, por sua vez, alimenta a produção de novos fios, que incorporam cada vez mais material reciclado, que pode constituir entre 30 e 50% do novo fio. Graças à inovação e evolução tecnológica, estes fios podem ser utilizados em produtos têxteis de cada vez maior volume acrescentado.
Para atingir objetivos cada vez mais exigentes de sustentabilidade e qualidade, a Valérius 360 "desenvolveu equipas e fez parcerias com outras empresas, com um foco muito grande na inovação e no desenvolvimento de novos processos e de novas fibras", refere Ana Tavares. Inicialmente focada apenas na recolha e reciclagem dos resíduos e dos desperdícios de corte gerados nas empresas têxteis, a Valérius 360 têm-se dedicado mais recentemente ao pós-consumo, procurando "dar solução a peças feitas, quer venham de stocks não vendidos, quer venham de consumidores finais".
Esta vertente da atividade coloca desafios técnicos e de negócio mais exigentes, "dada a diversidade das peças que são entregues, com acessórios, ou com graus de utilização muito diferentes", nota a responsável.
A longo prazo, a reciclagem vai deixar de ser parte do negócio, para se tornar no negócio da indústria têxtil, pelo menos na Europa.
Solução para o pós-consumo
No entanto, o investimento neste foco adicional da empresa também é importante para o objetivo final do projeto, que é, afirma Ana Tavares, "prolongar o ciclo de vida das matérias-primas, reutilizando peças e materiais que, de outra forma, seriam considerados desperdício e iriam, provavelmente, para utilizações de muito baixo valor acrescentado, ou iriam mesmo para o aterro ou para incineração". No fundo, "este é um passo fundamental para tornar a indústria têxtil tão circular quanto possível", afirma a responsável. Para Ana Tavares, "a longo prazo, a reciclagem vai deixar de ser parte do negócio, para se tornar no negócio da indústria têxtil, pelo menos na Europa". Na sua experiência, esta é uma tendência clara, quer em termos das preferências dos consumidores, como das exigências dos legisladores, como da apetência das marcas para a matéria- prima reciclada. "A industria têxtil – pelo menos na Europa – irá concentrar-se e diferenciar-se pela sua sustentabilidade e pela sustentabilidade dos seus produtos", garante. E o produto que vem de fora da Europa será, na sua perspetiva, "cada vez mais penalizado se não cumprir com os normativos europeus", conclui.