O Sincicial Respiratório (VSR) é muitas vezes confundido com outras infeções respiratórias, mas pode ter consequências graves, como complicações cardíacas e necessidade de hospitalização. Como nos podemos proteger?
Sofia Duque, coordenadora do Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (NEGERMI), explicou que o VSR é comum tanto nos hospitais como nos centros de saúde, mas o seu diagnóstico nem sempre é fácil. "Os sintomas são muito semelhantes aos de outras infeções virais, o que torna difícil identificar o vírus de imediato", esclareceu. Embora existam testes específicos, como os de antigénio e PCR, nem sempre são acessíveis, o que leva a muitos casos não diagnosticados. "Isto faz com que o verdadeiro impacto do VSR na população esteja subestimado", confirmou a especialista.
Com mais de 3 mil internamentos anuais associados ao VSR, os especialistas apelaram a uma maior consciencialização sobre a doença. Identificar precocemente os sintomas, adotar medidas de prevenção e procurar assistência médica atempadamente são passos cruciais para evitar complicações graves. Proteger-se é mais do que um ato individual: é uma responsabilidade coletiva para reduzir o impacto deste vírus na sociedade
Quem corre maior risco?
Ainda que muitas pessoas saudáveis superem a infeção sem complicações, os idosos e os doentes crónicos têm um risco acrescido. "Pessoas com mais de 60 anos, devido à imunossenescência, são mais suscetíveis", sublinhou Sofia Duque. O mesmo se aplica a doentes com problemas respiratórios, insuficiência cardíaca, doenças renais, hepáticas ou qualquer grau de imunossupressão. "Indivíduos institucionalizados estão em risco adicional devido à proximidade com outros residentes, facilitando a transmissão", referiu ainda a especialista.
O impacto na diabetes
Bruno Almeida, médico da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, explicou que qualquer infeção pode descompensar a diabetes, e o VSR não é exceção. "O vírus leva a um aumento da resistência à insulina, resultando num descontrolo dos níveis de glicemia. Além disso, a hiperglicemia reduz a capacidade do organismo para combater infeções, criando um círculo vicioso que pode agravar o quadro clínico dos doentes com diabetes."
Dada esta vulnerabilidade, é fundamental adotar uma abordagem diferenciada para proteger estes pacientes. "A estratégia passa essencialmente pela prevenção. Como não existe um tratamento específico para o VSR, o mais eficaz é adotar medidas preventivas, especialmente para pessoas com mais de 60 anos e com diabetes", referiu Bruno Almeida. Além disso, muitos idosos desempenham o papel de cuidadores de netos, que frequentemente transmitem o vírus. "Ao se protegerem, estes avós também ajudarão a reduzir a transmissão dentro das famílias", destacou este especialista.
O vírus leva a um aumento da resistência à insulina, resultando num desconto dos níveis de glicemia Bruno Almeida, médico da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal
O impacto do VSR no coração
Para os doentes com problemas cardiovasculares, o VSR pode ser particularmente perigoso. "A infeção pode agravar doenças de base, como insuficiência cardíaca ou doença coronária, e aumentar o risco de complicações graves, como enfartes ou arritmias", explicou Ana Rita Francisco, da Sociedade Portuguesa de Cardiologia. Segundo esta especialista, "até mesmo indivíduos sem histórico de doença cardíaca podem sofrer complicações agudas, como insuficiência cardíaca ou crises hipertensivas". Também Maria José Rebocho, da Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca, reforçou que, entre os doentes internados por VSR, 30% têm doença cardiovascular, e um em cada cinco terá complicações graves, aumentando o risco de mortalidade a longo prazo.
Sinais de alerta: quando procurar ajuda
Os especialistas alertam que muitos doentes desvalorizam sintomas graves, confundindo-os com uma gripe ou resfriado. "Se um doente crónico sente mais cansaço, dificuldade em dormir sem almofadas adicionais, dores no peito ou alterações na tensão arterial e na frequência cardíaca, deve procurar ajuda médica rapidamente", recomenda Ana Rita Francisco.
A vacinação é a medida mais eficaz, mas não é a única. "As medidas de etiqueta respiratória são essenciais para conter a propagação do vírus", sublinha Sofia Duque. O uso de máscara em locais com grande aglomeração, como hospitais, transportes públicos e centros comerciais, pode reduzir significativamente a transmissão.
Além disso, a higiene das mãos e a etiqueta respiratória – como tossir para o cotovelo e evitar contactos próximos quando se está doente – ajudam a minimizar o risco.
Para mais informação, consulte o seu médico.
NP-PT-AVU-PRSR-250001, 03/2025