Uma ameaça silenciosa para adultos e idosos, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) continua a ser visto, por muitos, como um problema exclusivo das crianças. No entanto, esta perceção ignora um risco real e crescente: em adultos mais velhos, o VSR pode levar a complicações graves, como pneumonias e o agravamento de doenças pulmonares e cardíacas, aumentando significativamente o risco de hospitalização e, em casos extremos, à morte. Conscientes desta realidade, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, com o apoio da GSK, reuniu especialistas num evento dedicado à urgência de medidas preventivas contra o VSR na população adulta.
No encontro, ficou claro que proteger os mais vulneráveis exige mais do que recomendações médicas – passa por combater a desinformação e criar uma estratégia nacional de imunização que envolva profissionais de saúde, autoridades e toda a sociedade. A inclusão de medidas preventivas nas políticas de saúde pública para adultos e idosos surge, assim, como um passo essencial para reduzir internamentos, salvar vidas e fortalecer a resposta da saúde pública a esta ameaça muitas vezes ignorada.
Um novo paradigma na proteção da saúde do adulto
O professor Henrique Lopes, diretor do NOVA Center for Global Health, da Universidade de Lisboa, destacou que "Portugal tem um histórico notável em vacinação infantil, mas está em falta com os adultos e idosos". Para o especialista, a vacinação ao longo da vida deve ser vista como parte essencial dos cuidados de saúde, tal como os exames de rotina.
Um grupo de reflexão, constituído por 25 especialistas, analisou a situação vacinal em Portugal e concluiu que, apesar da excelência do plano vacinal infantil, é urgente expandi-lo aos adultos, integrando outras medidas preventivas no Plano Nacional de Vacinação e dar especial atenção ao VSR. Estudos realizados ao longo de seis épocas de circulação viral em Portugal demonstram que este vírus tem um impacto grave, sobretudo em idosos e em grupos de risco, como diabéticos, obesos, doentes com patologia cardiovascular e doentes com patologias respiratórias crónicas.
Outro fator preocupante é a sazonalidade do VSR, que antecede a gripe e provoca infeções respiratórias graves, aumentando a pressão sobre os hospitais. Comparado com a gripe, o VSR está associado a internamentos mais prolongados e maior gravidade clínica, tornando ainda mais evidente a necessidade de estratégias de prevenção eficazes para proteger a população e aliviar o sistema de saúde.
A hesitação em relação às vacinas tornou-se um dos maiores desafios da saúde pública atual, impulsionada por desinformação organizada e uma crescente politização do tema. Segundo Henrique Lopes, "a covid-19 trouxe um fenómeno preocupante: a politização da vacinação e o crescimento de movimentos antivacina". Para este responsável, é essencial que os profissionais de saúde tenham melhores ferramentas para combater os mitos e reforçar a confiança da população na imunização.
A covid-19 trouxe um fenómeno preocupante: a politização da vacina e o crescimento de movimentos antivacina Henrique Lopes, diretor da Nova Center for Global Health, da Universidade de Lisboa
Filipe Froes, pneumologista, refere-se ao VSR como o "vírus sem reconhecimento". A maioria da população nunca ouviu falar deste vírus e como não o conhece não o reconhece como perigoso.
A falta de reconhecimento impede que medidas preventivas sejam adotadas, aumentando o risco de surtos e hospitalizações. A consciencialização sobre o VSR é crucial para a implementação de estratégias de prevenção eficazes e para assegurar que os indivíduos vulneráveis recebem a proteção necessária.
Para Filipe Froes, a solução poderá estar nos três C: Conhecimento, Comunicação e Confiança. A chave para aumentar a adesão às vacinas passa por uma comunicação clara e transparente, que explique as evidências científicas e a vacinação de forma acessível e combata as narrativas emocionais que alimentam o medo e a desinformação.
O pneumologista sublinhou ainda a importância histórica das vacinas, recordando que foram a única medida capaz de erradicar doenças como a varíola, responsável pela morte de cerca de 500 milhões de pessoas no século passado. "A vacinação foi um dos maiores avanços da humanidade. Agora, o nosso desafio é assegurar que os mesmos benefícios que oferecemos às crianças sejam também garantidos aos adultos", assegurou o especialista.
Para mais informação, consulte o seu médico.
NP-PT-AVU-PRSR-250001, 03/2025