Recrutadores garantem que a formação pode ser a diferença entre ficar parado ou acelerar para novos desafios profissionais, mas não é a solução para todos os problemas.
Um candidato bem preparado distingue-se não apenas pelo
currículo, mas pela forma como comunica segurança, visão e domínio das
tendências que moldam o futuro dos negócios. Para Pedro Borges Caroço,
head
da
Page Executive em Portugal, o impacto da formação executiva é inequívoco, já
que “os candidatos ficam mais bem preparados e aumenta, substancialmente, a
probabilidade de alcançar a posição que ambicionam.” Já Bernardo Samuel,
diretor de recrutamento permanente na
Adecco, reforça que “estes programas
permitem aos executivos aumentar de forma significativa a sua rede de
contactos, gerando assim maiores oportunidades profissionais”.
Mais do que diplomas, a formação executiva traduz-se em
impacto direto na forma como os gestores se apresentam ao mercado. As
entrevistas tornam-se mais consistentes, com discursos que incluem tendências
setoriais, inovação e estratégia, aspetos que são valorizados pelos
recrutadores e determinantes em processos de seleção competitivos.
Os especialistas de recrutamento apontam um conjunto de
competências transversais que hoje são vistas como essenciais. Pedro Borges
Caroço destaca a “inteligência emocional, a liderança adaptativa, a gestão
eficiente do tempo e a capacidade de resolução de problemas”, a par da
valorização da diversidade e do pensamento estratégico no contexto digital.
Por sua vez, Bernardo Samuel acrescenta outras exigências
que moldam o perfil do líder moderno, como “agilidade, pensamento crítico,
visão estratégica e a capacidade de liderar com empatia.” Em comum está a
necessidade de equilibrar competências humanas e estratégicas, num contexto em
que a resiliência e a flexibilidade são cada vez mais valorizadas pelas
organizações.
Em Portugal, a urgência destas competências é transversal,
mas a necessidade é particularmente evidente em setores como TI, saúde, banca,
turismo e indústria. Como sublinha Pedro Borges Caroço, a preparação de líderes
intermédios nestas áreas é urgente não apenas para impulsionar o crescimento
económico, mas também para promover transformação cultural e maior abertura à
inovação.
Estes programas permitem aos executivos aumentar de forma significativa a sua rede de contactos, gerando assim maiores oportunidades profissionais.
Bernardo Samuel, diretor de recrutamento permanente da Adecco
Onde falham os executivos
Se a procura é clara, também existem riscos para quem encara
a formação executiva como uma solução automática. Bernardo Samuel alerta que “o
maior risco é olhar para a formação como o único ponto de aposta”, defendendo
que o verdadeiro valor reside na aplicação prática dos conhecimentos adquiridos
e na capitalização da experiência profissional prévia.
Na mesma linha, Pedro Borges Caroço considera que o erro
mais comum é acreditar que o curso, por si só, garante um lugar. “Para
maximizar este investimento, é fundamental estruturar um plano sólido de
aproximação ao mercado, tirar partido do
networking adquirido, alinhar
expetativas realistas e definir uma estratégia clara de progressão.” Ou seja, a
formação executiva deve ser vista como um catalisador, mas exige compromisso,
reflexão estratégica e uma visão de longo prazo por parte de quem a procura.
Para quem já ocupa funções de liderança, os programas
executivos funcionam como um espaço de reinvenção e atualização. Pedro Borges
Caroço sublinha que este investimento potencia a realização pessoal e
profissional, reforçando a visão estratégica e competências de gestão de
equipas. Já Bernardo Samuel recorda que estas formações ajudam a “desafiar
hábitos e rotinas” e podem abrir perspetivas em áreas emergentes como ESG,
ética digital, automação ou inteligência artificial.
Para maximizar este investimento, é fundamental estruturar um plano sólido de aproximação ao mercado, tirar partido do networking adquirido, alinhar expetativas realistas e definir uma estratégia clara de progressão.
Pedro Borges Caroço, head da page executive em Portugal
Escolher o programa certo
Na hora de escolher, estes especialistas de recrutamento
recomendam que se comece pelos objetivos. Bernardo Samuel recomenda clarificar
se o gestor procura evoluir na função atual, reposicionar-se ou mudar de setor.
A partir daí, devem ser avaliados fatores como reputação académica, currículo,
taxa de sucesso dos
alumni e apoio na evolução futura. Da mesma forma,
Pedro Borges Caroço reforça a importância de alinhar o curso com a experiência
prévia do gestor e de encarar a escolha como uma jornada transformadora, mais
do que como um mero passo curricular. Os recrutadores confirmam que quem aposta
nesta via sai fortalecido, não só no acesso a novas funções, mas sobretudo na
forma como se apresenta e influencia o mercado.