As estatísticas confirmam. Os salários dos jovens com ensino superior têm vindo a cair face aos dos jovens com ensino secundário. Em 2022, a diferença atingiu mínimos históricos. Dados do relatório “Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal”, da Fundação José Neves, divulgado esta quinta-feira, 15 de junho, revelam que a diferença salarial diminuiu de cerca de 50% em 2011 para 27% em 2022. E não é tudo. O documento refere que entre 2021 e 2022, apesar do aumento do salário nominal em 3,6%, o salário real dos licenciados caiu 4%, dado que o aumento verificado não cobriu a subida da inflação. O saldo traduz-se numa perda do poder de compra. “O impacto foi sentido para trabalhadores com todos os níveis de escolaridade, mas de forma muito pronunciada entre os jovens qualificados: -6%”, salienta o documento.
A crueza dos números remete-nos para a eterna questão: afinal, será que estudar ainda compensa? Olhar apenas para a questão do ponto de vista do indicador remuneração faz adensar a dúvida, por isso mesmo não o podemos fazer. Vivemos numa economia baseada no conhecimento e cada vez mais digitalizada em que as qualificações são o passaporte não só para um trabalho mais digno, mas muitas vezes, para um trabalho. Volte-se a olhar para o documento da Fundação José Neves, de que é cofundador e presidente executivo Carlos Oliveira, engenheiro e empreendedor, membro do Conselho Europeu da Inovação. Segundo o documento, a “recuperação do emprego pós-pandemia foi total entre os jovens com o ensino superior, mas entre os menos qualificados a taxa de desemprego em 2022 foi 18%, significativamente superior à de 2019, ano em que foi 13%”.
O mercado de trabalho em geral, refere o documento, recuperou os níveis de emprego e tornou-se mais qualificado e digital. Tudo somado, a resposta à pergunta é afirmativa: “Mesmo com esta alteração, ter educação superior garante salários substancialmente mais elevados”, afirma o documento. Estudar é preciso.
As 10 profissões com mais ofertas de emprego
Os programadores de software mantêm-se no primeiro lugar do ranking entre as profissões mais procuradas pelas empresas, segundo a plataforma Brighter Future, da Fundação José Neves. Várias profissões envolvem uma forte componente tecnológica e têm ligação ao setor do comércio. A profissão com maior crescimento é, neste momento, técnico em redes, sistemas de computadores e Web, ou seja, aqueles profissionais que criam e protegem sistemas de computador. O salário médio pago é de 1.918 euros.
Eis as profissões com mais ofertas de emprego, atualmente.
- Analistas de sistemas
- Programadores de software
- Diretores de investigação e desenvolvimento
- Engenheiros biomédicos, de engenhos explosivos, de salvamento marítimo, de materiais, óticos e de segurança
- Técnicos de apoio aos utilizadores das tecnologias da informação e comunicação (TIC)
- Pessoal de informação administrativa
- Operadores de caixa e outros trabalhadores relacionados com vendas
- Representantes comerciais
- Empregados de escritório, técnicos de secretariado e operadores de processamento de dados
- Especialistas em publicidade e marketing
Brighter Future
O portal Brighter Future da Fundação José Neves permite comparar e relacionar informações sobre cerca de 4.500 cursos e formações, mais de 1.800 profissões e mais de 1.800 competências relevantes. Disponibiliza informação de qualidade, insights, guias e um simulador de carreira. Esta ferramenta possibilita identificar e comparar possíveis caminhos profissionais e os requisitos para dar esse passo.
Uniarea
Outra fonte a que poderás recorrer em busca de informação credível é o portal Uniarea. Esta comunidade de referência na área da educação é liderada por Davis Gouveia, um jovem engenheiro, especialista em educação que responde às questões dos candidatos.