Isabel Paredes é doutorada pela Universidade de Lisboa e especializada em Psicologia do Trabalho, Social e das Organizações e em Orientação Escolar e Profissional. Consultora em Recursos Humanos desde 1982, é Partner e Chief Psychologist da SHL Portugal, uma empresa de consultoria em Gestão de RH, representante e distribuidora exclusiva em Portugal das soluções e serviços do Grupo SHL. Em 2022, só através da sua plataforma online, foram avaliados mais de 17.000 candidatos.
O número de jovens formados aumenta todos os anos. O resultado é uma geração muito bem qualificada, mas com poucas oportunidades profissionais e baixa remuneração. Há setores que escapam a esta realidade? Quais?
A área que se salienta logo à partida é a da Informática. Existe uma grande procura por parte das organizações e falta de profissionais, pelo que, mesmo com pouca experiência, é fácil encontrar emprego. Existem outros profissionais com procura, como é o caso dos Comerciais, Especialistas em Marketing Digital, Especialistas em Finanças, Engenheiros, Cientistas de Dados e Especialistas em Recursos Humanos, mas, geralmente, as empresas preferem candidatos com alguma experiência e esse é o grande obstáculo à entrada dos recém-diplomados no mundo do trabalho.
Seguir o coração é mais “acertado” ou o candidato deve priorizar a empregabilidade quando as duas não coincidem?
O gosto por uma área deve ser sempre tomado em consideração. Por outro lado, é imprescindível estar informado/a sobre as oportunidades de emprego e o conteúdo e qualidade dos cursos que se estão a considerar. A pesquisa de informação sobre o mundo escolar e profissional é essencial para uma escolha esclarecida. Por vezes, há ideias irrealistas e romantizadas sobre o que se faz numa determinada profissão. Adicionalmente, os interesses também se desenvolvem. Pode acontecer que um/a jovem rejeite uma determinada área de conhecimento e de prática devido a preconceito e a falta de contacto com esta. A curiosidade e a adaptabilidade/flexibilidade são características muito importantes nos dias de hoje. Ter uma grande “paixão” pode levar-nos a não explorar e a não manter a mente aberta a alternativas.
Que outras competências enriquecem o currículo do recém-licenciado?
No futuro, e para muitas organizações no presente, não são apenas importantes as competências técnicas, mas também as designadas soft skills, que agora começam a ser referidas como power skills. As competências para o futuro envolvem comunicação, curiosidade, flexibilidade, tenacidade, integridade, ética, empatia, gentileza, trabalho em equipa e gestão do tempo.
Os salários das profissões que requerem mais qualificações vão subir?
Bem, isso depende do eterno princípio da oferta e da procura. Se os profissionais com determinadas competências forem escassos, as organizações que deles necessitam vão ser “obrigadas” a oferecer-lhes pacotes salariais e de benefícios atrativos.
Além da área de estudo, que outros critérios deve o candidato ter em conta?
Desenvolver as competências comportamentais acima referidas. Isto pode ser feito ao estudarem em grupo para desenvolverem comportamentos de cooperação e entreajuda, ao aproveitarem todas as oportunidades para falar em público e para aperfeiçoar a escrita, ao treinarem a sua capacidade de organização e planeamento…
Não são apenas importantes as competências técnicas, mas também as designadas soft skills Isabel Paredes, partner e chief psychologist da SHL Portugal