Secções
Entrar

Informática e shared services são áreas apelativas

Mercado português está com uma oferta elevada nestes domínios

17 de junho de 2021 às 14:34

Joana Bacelar, manager na Michael Page Porto, aponta as melhores saídas profissionais do mercado, explica como está a ser e será o mundo do trabalho pós-pandemia e deixa ainda algumas dicas preciosas aos estudantes.

Que cursos aconselharia aos estudantes que vão frequentar o ensino superior no próximo ano letivo?
Se pensarmos que a escolha do curso pode definir aquilo que teremos de fazer nos próximos 40 anos da nossa vida, devemos pautar a nossa escolha por algo que nos realize e nos deixe feliz. Nada será pior do que sermos profissionalmente infelizes o resto da vida e acredito mesmo que alguém infeliz tendencialmente não será também bem-sucedido.

Se olharmos para a questão pelo prisma das saídas profissionais, existem naturalmente áreas que deverão ser atentadas, nomeadamente áreas de gestão e economia (pela abrangência e multiplicidades de áreas e saídas profissionais), a área da engenharia informática, bem como engenharia mecânica e gestão industrial.

Quais são as áreas com mais empregabilidade atualmente no mercado de trabalho?
Neste quadrante, destacaria duas: a área de informática (software e hardware), assim como a área de shared services. Estas são áreas nas quais o mercado português se tornou apelativo para a radicação de novas empresas (essencialmente multinacionais), pelo que temos registado uma inversão da lei do mercado (oferta vs. procura).

Na sua opinião, um estudante, após terminar a licenciatura, deve prosseguir a sua formação e fazer um mestrado ou uma pós-graduação?
Num mercado cada vez mais competitivo, no qual a generalidade dos cursos está já num formato pós-Bolonha, naturalmente a licenciatura perdeu força. Desta forma, torna-se incompleto e pouco competitivo para alguém ficar apenas com a licenciatura. Assim, deve haver uma aposta na formação contínua e seguir assim a licenciatura com um mestrado, pós-graduação ou similar.

Em contrapartida, creio ser contraproducente acabar a formação base e enveredar por um MBA ou curso similar. Estes cursos fazem sentido, mas após haver uma experiência profissional a servir como base.

Portugal possui licenciados em número suficiente para responder à necessidade do tecido empresarial português?
Depende naturalmente das áreas de negócio e zonas geográficas. Existem áreas em que claramente temos uma inversão da lei da oferta e da procura e por isso temos poucos candidatos para as demandas dos clientes, obrigando-nos assim a "importar" alguns recursos de outros pontos do globo.

De que forma o mercado de trabalho mudou com a pandemia?
Essencialmente, mudou a metodologia de trabalho e foram antecipados paradigmas que há muito vinham sendo discutidos, como a questão do teletrabalho e da flexibilidade laboral. Se antes era algo que acontecia, mas de forma lenta e gradual, hoje esta tendência mudou. As empresas foram obrigadas, de forma instantânea, a adaptarem-se e a criarem ferramentas. Por sua vez, os colaboradores criaram mecanismos de adaptação a uma realidade que tem claras vantagens, mas que pode ser, em alguns casos, angustiante e exaustiva.

Neste ponto, e mesmo com a passagem do período crítico da pandemia, nunca mais registaremos o modelo tradicional que tínhamos. A generalidade das empresas confiou e a verdade é que os resultados se mantiveram inalterados. Por isso, o teletrabalho integral ou parcial veio para ficar. Com isto há, naturalmente, outros desafios que se levantam e que vão obrigar as equipas de RH a redobrar esforços para conseguirem manter viva (mesmo que há distância) a base cultural da empresa e manter os laços sociais tão importantes para o bom funcionamento interdepartamental.

Outros Conteúdos