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Arte equestre portuguesa classificada pela UNESCO

Não foi a galope, nem sequer a trote, mas esta arte nacional já está inscrita na lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade

19 dezembro 2024 12:19

Demorou quase dez anos, mas alcançou-se o objetivo: a arte equestre portuguesa está inscrita na lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade, na sequência da candidatura apresentada em parceria pela Associação Portuguesa de Criadores do Cavalo Puro-Sangue Lusitano (APSL), pela Parques de Sintra e pelo Município da Golegã. Uma vitória saborosa, mas trabalhosa destes três parceiros que agora têm "rédea solta" para promover ainda mais esta histórica arte.

Luís Calaim, administrador da Parques de Sintra, entidade gestora da Escola Portuguesa de Arte Equestre (EPAE), ficou naturalmente satisfeito com esta inscrição. Em Assunção, Paraguai, onde o Comité Intergovernamental para Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO se reuniu e fez o anúncio, Luís Calaim começou por explicar que "a equitação académica é uma das formas de expressão da arte equestre portuguesa e a sua principal guardiã é a Escola Portuguesa de Arte Equestre", instituição que assume há 45 anos a missão de "preservar e divulgar o legado centenário da Picaria Real, a Academia Equestre da Corte Portuguesa do século XVIII, e princípios do século XIX, conservando, até hoje, o mesmo tipo de cavalo, o lusitano da coudelaria de Alter, os mesmos arreios e os mesmos trajes."

Na sua intervenção na capital paraguaia, o administrador frisou ainda que "a equitação portuguesa fundamenta-se, sobretudo, na profunda relação estabelecida entre o cavalo e o seu cavaleiro" e felicitou "todos os cavaleiros da Escola Portuguesa de Arte Equestre, bem como todos os praticantes da equitação portuguesa, em Portugal, e pelos quatro cantos do mundo".

Puro-sangue lusitano: um cavalo excecional

Por sua vez, João Ralão, secretário-geral da APSL – que integrou igualmente a delegação portuguesa presente em Assunção, assim como Rosa Batoréu, embaixadora de Portugal na UNESCO Paris –, afirmou que "a arte equestre em Portugal define-se como um complexo cultural, social e artístico singularizado pela utilização de um cavalo excecional, como o puro-sangue lusitano, dotado de características únicas e exclusivas que conferem a esta arte a sua maior virtuosidade".

Os obstáculos foram saltados

Foi em outubro de 2015, que, por iniciativa de João Costa Ferreira e Gonçalo Couceiro, se deu início a um trabalho exploratório, junto do Ministério da Cultura e da Comissão Nacional da UNESCO, dois agentes institucionais promotores da salvaguarda do património imaterial em Portugal, que permitiu concluir que uma ambicionada candidatura deveria contemplar todo o património contido nesta arte, desde o cavalo a todo o conjunto de saberes, práticas, materiais, usos e conhecimentos que caracterizam a equitação portuguesa.

Como resultado desse trabalho, nos anos seguintes, assinaram-se fundamentais protocolos de cooperação, conseguiu-se a inscrição da "Equitação Portuguesa" no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial e terminou, há dias, com o reconhecimento da arte equestre portuguesa como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

Datas marcantes

. Em outubro de 2015, nasce este projeto, pela mão de João Costa Ferreira e Gonçalo Couceiro.

. Em setembro de 2017, foi assinado um protocolo de cooperação entre a Associação Portuguesa de Criadores do Cavalo Puro-Sangue Lusitano; a Parques de Sintra, entidade gestora da Escola Portuguesa de Arte Equestre; e a Câmara Municipal da Golegã, unindo esforços para promover a inscrição da arte equestre em Portugal no inventário nacional e no da UNESCO.

. Em abril de 2021, dá-se a inscrição da "Equitação Portuguesa" no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, que resultou da investigação coordenada por João Costa Ferreira.

. Em dezembro de 2024, a UNESCO confirmou a inscrição da arte equestre portuguesa na lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade

EPAE e tradição equestre andam de braço dado

A Escola Portuguesa de Arte Equestre (EPAE) realiza espetáculos e treinos abertos ao público e faz também apresentações em cerimónias oficiais, quer em Portugal, quer no estrangeiro. É considerada um importante veículo de divulgação do cavalo lusitano e, sobretudo, da cultura e da tradição equestre portuguesas. A EPAE também preserva e divulga o legado da Picaria Real e recupera exercícios da equitação barroca, tais como os ares altos.