O papel da nutrição ao longo da evolução do ser humano e o contributo de uma boa alimentação para a sua qualidade de vida são inquestionáveis e alvo de intensa – e contínua – investigação científica, que esteve na génese da pirâmide alimentar e nas suas subsequentes revisões. Cada uma destas revisões procurou "adaptar-se tanto à evidência científica como às mudanças dos diferentes grupos populacionais", afirmou o prof. Aranceta, presidente do Comité Científico da Sociedade Espanhola de Nutrição Comunitária (SENC).
É precisamente a investigação científica e a nutri-genética que levou a esta nova revisão da pirâmide alimentar sugerida pela SENC. Além de contemplar a escolha dos alimentos – tarefa que reconhece como complexa, por integrar aspectos biológicos, "impulsos instintivos, palatabilidade, nível de educação em saúde, conforto e até mesmo formação culinária de cada pessoa", explica Aranceta –, a pirâmide da SENC envolve ainda conceitos como a sustentabilidade, convívio e alimentação confortável, variada, moderada e equilibrada como parte de um estilo de vida saudável e assenta em quatro eixos - balanço energético, procura do equilíbrio emocional, prática da actividade física diária e o pôr em prática técnicas culinárias mais saudáveis.
Fica, no entanto, a nota: insistir em frutas e legumes da época na nossa dieta diária, fortalecer a presença de cereais integrais, frutos secos sem sal, azeite extra-virgem, peixe sazonal, lacticínios de baixo teor de gordura e carne magra, em adição a um perfil de hidratação suficiente e adequada, são segundo o mesmo especialista, excelentes passos rumo a uma melhor saúde em geral. Para isto, contribuirão ainda os avanços da nutrigenética, que terá um papel determinante na identificação dos alimentos mais ou menos adequados para cada indivíduo e as orientações mais apropriadas em cada caso.
Passo a passo contra a obesidade
O excesso de peso e a obesidade têm vindo a acrescer a um ritmo acelerado nos últimos anos, na origem do aumento de doenças como a diabetes e as cardiovasculares. Reduzir o consumo diário de energia é um dos passos para inverter este problema e o recurso aos adoçantes podem ser uma ajuda eficaz, a par de hábitos de actividade física.
"Dada a incerteza que às vezes é gerada sobre a influência dos adoçantes sem ou com baixas calorias nos hábitos alimentares e de actividade física em quem os consome, é necessário promover tanto a educação nutricional como estilos de vida saudáveis, com ênfase especial no exercício físico", diz a prof. drª. Carmen Gómez Candela, chefe de Unidade de Nutrição Clínica e Dietética do Hospital Universitário La Paz.