A menopausa é ainda um tema tabu na nossa sociedade, apesar de ser uma fase natural da evolução e crescimento que ocupa mais de um terço do tempo de vida da mulher. Esta realidade não é exclusiva da opinião pública portuguesa. Para combater o ostracismo neste assunto tão delicado da saúde e do bem-estar das mulheres em todo o mundo, a Sociedade Internacional da Menopausa (IMS) criou o Dia Mundial da Menopausa, que se assinala a 18 de outubro. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu essa data para ajudar e incentivar as mulheres a falar dos sintomas da menopausa e a tratar do tema com os médicos no acompanhamento desta fase de adaptação do corpo à maturidade.
Para promover a importância da data, a Vichy em Portugal sempre se associou a esta iniciativa e este ano decidiu ir um pouco mais longe e organizar, pela primeira vez, uma conferência multidisciplinar dedicada à menopausa com especialistas de diferentes áreas. Mulheres Sem Pausa aconteceu no passado dia 15 de outubro, no Centro Cultural de Belém.
Neste evento, abordou-se a menopausa sem complexos. Falou-se de todos os quadrantes que vão impactar na qualidade de vida e na saúde física e psicológica da mulher neste período da vida adulta e com o qual vão ter de aprender a conviver, pelo menos, ao longo de um terço do tempo médio de vida.
A conferência Mulheres Sem Pausa foi um evento sem pausa no conhecimento, sem pausa na beleza e sem pausa na felicidade. Contou com o apoio e a participação da Secção de Menopausa da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica e da Ordem dos Farmacêuticos.
O evento deu voz às mulheres e a especialistas de diferentes áreas da saúde — dermatologia, cardiologia, nutrição, sexologia, e farmácia —, que apresentaram a sua perspetiva sobre a menopausa.
Fernanda Geraldes, presidente da Secção de Menopausa da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, deu o ponto de partida na conversa ao sublinhar que a menopausa não é uma doença. É uma situação fisiológica que acontece às mulheres entre os 45 e os 55 anos. Os principais efeitos da menopausa são a ausência de menstruação e a impossibilidade de engravidar. "Não é uma fase pior, é outra fase no desenvolvimento da mulher", disse Fernanda Geraldes, acrescentando que aproximadamente 70% das mulheres têm sintomas relacionados com a menopausa. Os restantes 30% conseguem passar esta fase de uma forma tranquila.
A ginecologista alertou para sintomas recorrentes da menopausa, como são os casos das dores e da secura vaginal nas relações. Uma situação comum que muitas mulheres não abordam de forma espontânea com o médico. Por este motivo, Fernanda Geraldes defende que os médicos devem falar sem complexos com as pacientes e quebrar o tabu à volta do tema.
Estes são os sintomas mais visíveis da menopausa, mas existem outros que também interferem com o bem-estar da mulher neste período. É imperativo que as mulheres conheçam o processo, de forma a poder manter a vigilância necessária para estar saudáveis e se sentirem bem com os seus corpos e com os seus companheiros.
O maior órgão do corpo humano também se ressente neste período de transformação do corpo. Durante a menopausa dá-se uma diminuição do colagénio tecidular, o que se traduz por uma pele mais fina e elástica. Estima-se que os níveis de colagénio tenham uma redução de 2% ao ano. Uma alteração que contribui para o aparecimento de rugas e flacidez, assim como alterações da pigmentação. Tendo em conta que o envelhecimento da pele é uma das maiores preocupações femininas da atualidade, Manuela Paçô, dermatologista do Hospital Lusíadas em Lisboa, reconheceu que a menopausa acelera o envelhecimento da pele, mas desdramatizou o tema, referindo que é um processo natural e inevitável. Os seus efeitos podem ser minorados com a utilização de produtos de qualidade ou, em alternativa, com tratamento e cirurgia estética. As rotinas diárias de higiene e cuidados da pele são essenciais para minimizar o envelhecimento da pele.
As alterações hormonais na fase da pós-menopausa provocam um aumento do risco cardio e cerebrovascular. O médico cardiologista da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, André Monteiro, explicou na conferência a importância da prática de atividade física para reduzir o risco, sublinhando que não é necessário fazer um grande esforço, basta introduzir algumas alterações na rotina diária.
Se não é adepta dos ginásios ou da prática de desporto, pode optar por fazer pequenas mudanças na rotina do dia a dia, como trocar o elevador pelas escadas, sair uma paragem do autocarro ou do metro antes para fazer o percurso a pé, dar passeios de bicicleta ou brincar ao ar livre com as crianças da família e amigos e, claro está, ter uma alimentação saudável e equilibrada.
As alterações hormonais provocadas pela menopausa vão influenciar a distribuição da gordura corporal. Nesta fase é importante ter a força de vontade necessária para adequar a alimentação. A presidente do Conselho Jurisdicional da Ordem dos Nutricionistas e professora da Nova Medical School, Conceição Calhau, enfatizou que Portugal possui um legado histórico saudável e equilibrado, comprovado pela Organização Mundial da Saúde, que é a dieta mediterrânica. Por diversos motivos, os portugueses estão cada vez mais distantes dos princípios da dieta mediterrânica. A médica referiu que 88% dos portugueses não seguem a dieta mediterrânica porque não comem as hortícolas necessárias.
No fim da conferência, Sandro Cardoso, diretor-geral da L’Oréal Cosmética Ativa, deu a conhecer o novo portal vichy.pt/menopausa, uma plataforma colaborativa na qual se pode encontrar informação e conselhos sobre a menopausa.
Para poder adicionar esta notícia deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da SÁBADO, efectue o seu registo gratuito.
Marketing Automation certified by E-GOI
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução na totalidade ou em parte, em qualquer tipo de suporte, sem prévia permissão por escrito da Cofina Media S.A.
Consulte a Política de Privacidade Cofina.