Prestes a cumprir 100 anos de existência, a Casa Ermelinda Freitas vê consagrada a aposta de quatro gerações na vinha e no vinho com 158 prémios recebidos só em 2019, nos quais se incluem nove medalhas de grande ouro, 88 medalhas de ouro e 48 medalhas de prata. Entre as distinções está a de produtor europeu do ano, entregue pelos Sommelier Wine Awards, um prestigiado concurso britânico. O júri, composto por alguns dos maiores escanções do mundo, atribuiu pela primeira vez a distinção a um produtor português de vinhos tranquilos. O prémio já tinha vindo para Portugal, mas para um produtor de vinho da Madeira.
Na mesma semana, a casa fundada em Fernando Pó, na zona de Palmela, arrecadou também a distinção máxima da Federação Internacional de Jornalistas de Vinhos e Bebidas Espirituosas, no Concurso Citadelle du Vin em Bordéus, França. O prémio foi para o Vinha da Fonte Reserva 2016.
O Espumante Bruto Branco da Casa Ermelinda Freitas foi considerado em janeiro um dos 50 melhores do mundo no 50 Great Sparkling Wines of the World, 2019
As distinções são o culminar de uma história escrita pelas mulheres da família Freitas, que desde 1920 lideraram o negócio. Foi com Deonilde Freitas que a família começou a trabalhar a terra e a fazer vinho e nunca mais parou. Até 1997, a produção era vendida a granel e engarrafada por terceiros.
Quatro gerações de mulheres a comandar os destinos da família
Já com Leonor Freitas ao comando, atual sócia-gerente da Casa, consumou-se a aposta em vinhos de marca própria e foi lançado o vinho Terras do Pó. Entre Deonilde e Leonor, as "senhoras do leme" foram Germana e Ermelinda Freitas, que foram fazendo crescer a vinha, modernizando a adega e apurando a qualidade do vinho, sem mexer no modelo de negócio.
Hoje a empresa gere várias marcas, com destaque para o Dona Ermelinda, um dos vinhos mais conhecidos da casa, a que se juntam outras opções como o Quinta da Mimosa, Vinha do Torrão, Vinha do Rosário ou Vinha da Valentina, vários monocasta, uma gama de espumantes e o moscatel de Setúbal. Todos já premiados a nível nacional e internacional.
Nos últimos meses, a Casa Dona Ermelinda lançou novos vinhos. Destaque para o Dona Ermelinda Reserva Branco, que reforça a marca criada para homenagear a líder da 3.ª geração da família à frente do negócio. Feito da combinação de três castas (Chardonnay, Arinto e Viognier) é aconselhado para acompanhar com pratos de peixe, saladas, massas e carnes brancas
O conhecimento do negócio e a preocupação permanente com a qualidade do vinho facilitaram o sucesso da aposta em marcas próprias, mas um forte investimento na modernização da produção e em tecnologia também foram determinantes.
O segredo do sucesso está na alma do negócio
Ao longo dos últimos 20 anos, apostou-se em novas linhas de engarrafamento e num novo centro de vinificação, que criaram a simbiose perfeita entre tradição e inovação, com resultados reconhecidos a nível mundial, como bem ilustra o número de prémios e distinções conquistadas nesse período, que ultrapassam o milhar. Cabem neste palmarés 386 medalhas de ouro, 426 medalhas de prata e 232 de bronze.
E como a atual gestora do negócio tem referido, a "dedicação, amor, carinho e paixão" têm sido ingredientes-chave para levar o projeto de geração em geração, valores que também abraça quem colabora com a família, na adega e na vinha. Trabalham atualmente na Casa Ermelinda Freitas 68 pessoas.
A Casa Ermelinda Freitas comprou a Quinta de Vale de Canivães, em Foz Coa, e a Quinta do Minho, na Póvoa de Lanhoso, cada uma com 20 hectares de vinha, e vai alargar a oferta atual a vinho do Douro e da Região dos Vinhos Verdes. Da Quinta do Minho já saem verdes como o Fugaz e o Porta Nova, comercializados em grandes superfícies
Mas há outros fatores relevantes para este sucesso. Um dos princípios fundamentais da estratégia da empresa tem passado por fazer "bons vinhos a bons preços", mantendo o foco no consumidor final e naquilo que o mercado dá sinais de procurar. E o chamado terroir também conta.
Novos vinhos do Douro e Região dos Vinhos Verdes a caminho
As vinhas que fazem a história da Casa Ermelinda Freitas estão em Fernando Pó, uma área privilegiada da região de Palmela com solos arenosos e ricos em água, uma combinação de excelência para a maturação das uvas. A brisa do mar e dos rios que envolvem a região também influencia a produção, ajudando a refrescar as vinhas no verão e a obter vinhos suaves e elegantes, segundo os especialistas.
As condições são ideais para a casta Castelão, conhecida também por Periquita, mas a versatilidade dos solos tem permitido à empresa trabalhar muitas outras variedades de uva e enriquecer a gama de vinhos. Neste momento são feitos vinhos com 29 castas, numa oferta para todos os gostos e que em breve voltará a ser reforçada.
Depois de marcar presença em festivais como o MEO Sudoeste, o Super Bock Super Rock ou o EDP Cool Jazz, o wine bar da Casa Ermelinda Freitas segue para o Santa Casa Alfama e para o Super Bock em Stock, para mostrar que o vinho também pode ter espaço nestes eventos
Pela primeira vez na sua história, que assinala os 100 anos em 2020, a Casa Ermelinda Freitas expandiu-se recentemente para norte, com a aquisição de uma quinta em Foz Coa e outra na Póvoa do Lanhoso, que vão permitir complementar a oferta atual de vinhos da marca com os aromas e os sabores dos vinhos do Douro e da Região dos Vinhos Verdes.
40% das vendas já são feitas fora de Portugal
Até lá, a produção segue nos 550 hectares de vinha da Península de Setúbal, de onde são extraídos anualmente 21 milhões de litros de vinho, comercializados em mais de 30 países, com a exportação a absorver já 40% das vendas, que em 2018 rondaram os 26 milhões de euros.
Segue também o esforço da marca para conquistar novos mercados e novos públicos, concretizado com apostas inovadoras, como a presença este ano em vários festivais de verão, o lançamento recente de novos vinhos e a promessa de mais novidades para 2020, o ano do centenário.