Braga venceu o prémio Capital Europeia da Inovação 2024-25 na categoria Cidade Inovadora Europeia em Ascensão. Os principais prémios deste ano, com o apoio do Conselho Europeu de Inovação (EIC – European Innovation Council), ao abrigo do programa de investigação e inovação da União Europeia (UE), Horizonte Europa, foram atribuídos às cidades de Turim (Itália) e Braga (Portugal).

Como é que a capital do Minho passou de ser conhecida como a Cidade dos Arcebispos, com mais igrejas por metro quadrado do que qualquer outra em Portugal, para uma espécie de hub criativo conhecida em toda a Europa como tecnológica e inovadora?

Laboratório vivo de inovação

Braga posicionou-se como uma força pioneira no desenvolvimento sustentável. Na última década fez progressos assinaláveis, com um aumento de 100% nas exportações, contribuindo agora com mais de 2,4% do total das exportações portuguesas.

Em simultâneo, cresceu de uma forma consistente, criando cerca de 2000 novos empregos anualmente, o que mostra a sua ascensão como um hub económico vibrante e um centro de empreendedorismo.

O modelo de Laboratório Vivo de Braga tornou-se um catalisador para o crescimento de startups, pondo a cidade minhota no mapa do empreendedorismo e da inovação.

Desde 2014, mais de 250 startups foram apoiadas, com mais de 100 empresas incubadas com sucesso. O ecossistema empresarial de Braga atraiu mais de 438 milhões de euros em fundos através de capital de risco e business angels (investidores individuais, empresários ou gestores de empresas que entram no capital das startups em que acreditam e tornam-se parceiros na gestão).

Iniciativas como o Programa Sciencepreneurs e o iTech Tourism Program ilustram o compromisso de Braga em alimentar a inovação. São ambos programas que providenciam aos empreendedores as ferramentas e as redes de trabalho para desenvolverem soluções de alto impacto, do turismo e tecnologia a indústrias criativas e à sustentabilidade ambiental.

Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, e Thomas Gegenhuer, vereador da cidade de Linz (Áustria)

Hub cultural dinâmico

A vitalidade cultural de Braga reflete o espírito da cidade em preservar a sua herança histórica ao mesmo tempo que promove a expressão artística contemporânea. A capital minhota desenvolveu um calendário robusto de iniciativas culturais destinadas a envolver e inspirar a comunidade. Eventos como o Gnration Open Day e o INDEX Art and Technology Biennial atraem milhares de participantes anualmente, consolidando a reputação de Braga como um hub cultural no qual a inovação se cruza com a tradição.

Mais de 75 000 pessoas participam em atividades culturais todos os anos, desde festivais de música a exposições tecnológicas, elevando o papel da cidade como um centro de intercâmbio intelectual e artístico.

Braga encoraja talentos locais através de projetos como Laboratórios de Verão e Trabalho da Casa, permitindo a artistas emergentes mostrarem o seu trabalho, a sua arte, e envolverem-se com a comunidade.

Empreendedorismo social

Desde 2020 que Braga apoia 75 iniciativas de empreendedorismo social que respondem a temas críticos da sociedade como pobreza, educação e sustentabilidade ambiental. Através do Centro de Inovação Social, the Human Power Hub, Braga desenvolveu programas como Tech4Good, que empoderam os indivíduos a desenvolver soluções criativas para desafios sociais.

A colaboração da cidade com instituições de ensino, particularmente com a Universidade do Minho, tem um papel vital na promoção do talento local. A UMinho Education Alliance é uma iniciativa emblemática que visa colmatar a lacuna entre a formação académica e as exigências do mercado de trabalho. Espera-se que em 2026 este programa já tenha envolvido mais de 200 participantes em cursos de aprendizagem ao longo da vida e produzido mais de 800 novos licenciados, garantindo que a força de trabalho de Braga permanece competitiva e preparada para o futuro.

Reconhecimento internacional

Braga foi reconhecida a nível global pelas suas abordagens inovadoras e liderança na sustentabilidade, ao receber distinções internacionais como a UNESCO Creative City in Media Arts.

Para além disso, a liderança de Braga como cidade sustentável estende-se além-fronteiras através da participação em redes internacionais como Eurocities, ICLEI (Local Governments for Sustainability), e o Global Parliament of Mayors.

Como membro fundador da Global Startup Cities network e participante na European Commission’s Intelligent Cities Challenge, Braga posiciona-se como um modelo para cidades que procuram aumentar a qualidade de vida através da inovação e do desenvolvimento sustentável.

Da esquerda para a direita: Ari Alatossava, presidente da Câmara Municipal de Oulu (Finlândia); Thomas Gegenhuber, vereador da cidade de Linz (Áustria); Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga; Iliana Ivanova, comissária europeia para a Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude; Mikael Sanfridson, presidente da Câmara Municipal de Linköping (Suécia); e, Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

Meio milhão de euros em prémio

Os vencedores dos prémios Capital Europeia da Inovação (iCapital) foram reconhecidos pela importância das cidades na conceção dos sistemas de inovação locais e na promoção como agente de mudança e de futuro. O vencedor da categoria Capital Europeia da Inovação, Turim, recebeu um prémio de 1 milhão de euros, enquanto os dois segundos classificados receberam 100 000 euros cada. Braga, a vencedora da categoria Cidade Inovadora Europeia em Ascensão (European Rising Innovative City), recebeu 500 000 euros e as duas cidades finalistas receberam 50 000 euros cada.

Capital Europeia da Inovação

1º Turim (Itália)

Historicamente reconhecida como capital industrial de Itália, Turim recebe o seu mérito na resposta pró-atva aos desafios presentes e do futuro, em áreas como a mobilidade urbanda, a resiliência climática, a habitação sustentável e a retenção de talento.

Prémio: 1 milhão de euros

2º Espoo (Finlândia)

É berço de 50% das startups nascidas em universidades da Finlândia, o catalisador do sucesso das startups finlandesas e a espinha dorsal da área urbana que mais cresce nos países nórdicos, ostentando a maior proporção de crianças e jovens no país.

Prémio: 100.000 euros

3º West Midlands Combined Authority (Birmingham, Reino Unido)

É uma das áreas metropolitanas mais excitantes da Europa para viver, trabalhar e se divertir. Ali vivem 2,9 milhões de pessoas. Foi oficina mundial da indústria automóvel e agora é uma portência ao nível da inovação, com oito universidades e 11 parques científicos.

Prémio: 100.000 euros

Cidade Inovadora Europeia em Ascensão

1º Braga (Portugal)

A cidade portuguesa posicionou-se como uma força pioneira no desenvolvimento urbano sustentável, incorporando uma abordagem inovadora que integra perfeitamente o crescimento económico, a inclusão social e a riqueza cultural. Ao longo da última década, Braga alcançou progressos notáveis, com um aumento de 100% nas exportações, contribuindo agora com mais de 2,4% para o total das exportações de Portugal.

Prémio: 500.000 euros

2º Linz (Áustria)

A cidade austríaca já não é apenas a potência industrial pela qual ficou conhecida na História. Hoje, o ecossistema de inovação urbana de Linz baseia-se em três pilares fundamentais que impulsionam a cidade: inovação centrada no cidadão, produção urbana e arte, ciência e tecnologia.

Prémio: 50.000 euros

3º Oulu (Finlândia)

Esta cidade finlandesa é moderna e prática, vivendo e respirando com a sua natureza nórdica. Desde as instalações de investigação de classe mundial até ao vibrante ecossistema de startups, Oulu tem demonstrado, consistentemente, um compromisso em promover novas ideias, avanços e empreendedorismo.

Prémio: 50.000 euros

Os membros do júri

Milena Ivkovic (júri Capital Europeia da Inovação)

Arquiteta, urbanista e inovadora em participação cívica, especializada no desenvolvimento local através do progresso das tecnologias digitais e do urbanismo participativo.

Lourenço Jardim de Oliveira (júri Capital Europeia da Inovação)

Consultor experiente em tecnologia, inovação e políticas públicas. Atualmente é o principal conselheiro do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e antigo comissário da UE para as Ciências e Inovação. Liderou a estratégia de inovação da cidade, contribuindo para que Lisboa fosse nomeada Capital Europeia da Inovação em 2023.

Katherine Oliver (júri Capital Europeia da Inovação)

Diretora fundadora da Bloomberg Associates, uma consultora sem fins lucrativos criada pelo ex-mayor de Nova Iorque, Michael Bloomberg, para fornecer aconselhamento estratégico e prático a cidades em todo o mundo.

André Sobczak (júri Capital Europeia da Inovação)

Trabalha para capacitar as cidades na tomada de decisões da UE através do Eurocities. Durante 20 anos, foi gestor e académico orientado para o impacto, além de cumprir dois mandatos como vice-presidente da Área Metropolitana de Nantes para Assuntos Europeus, Responsabilidade Social Corporativa e Emprego.

Federica Bordelot (júri Cidade Inovadora Europeia em Ascensão)

Especialista em políticas urbanas e territoriais, com especial ênfase na transformação digital e estratégias de inovação. É diretora de Política e Impacto no Conselho dos Municípios e Regiões Europeias (CEMR), representando mais de 110 000 governos locais e regionais através das suas associações nacionais.

Milou Henrica Gerardina Jansen (júri Cidade Inovadora Europeia em Ascensão)

Como diretora de Políticas, Investigadora e Gestora de Programas, traça as linhas de um caminho em direção a um futuro digital urbano justo e sustentável, servindo de elo de ligação entre as implicações políticas, sociais, éticas, técnicas e ambientais das tecnologias baseadas em dados.

Charles Landry (júri Cidade Inovadora Europeia em Ascensão)

Figura proeminente nos estudos sobre desenvolvimento e inovação nas grandes urbes, mais conhecido pela obra "A Cidade Criativa: Um Kit de Ferramentas para Inovadores Urbanos", que revolucionou a forma como são abordados o planeamento e a gestão das cidades.

Lena Miranda (júri Cidade Inovadora Europeia em Ascensão)

CEO do Linköping Science Park desde 2014. O Science Park trabalha para capacitar indivíduos com competências empreendedoras e digitais, apoiar o crescimento dos negócios e facilitar processos de inovação transformadores – com enfoque nas ligações entre empresas, universidades e sociedade.

Peter Sailer (júri Cidade Inovadora Europeia em Ascensão)

É um especialista com muita experiência em desenvolvimento urbano, que trabalhou em vários países, incluindo China, Alemanha e diversos países do continente. Trabalhou para diversas organizações de renome, incluindo a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e a EnBW Energie Baden-Wuerttemberg AG.