Secções
Entrar

Melhorar as condições dos WC escolares? Sim, é possível!

Água no chão, mau cheiro e pouca limpeza são apenas alguns dos problemas. Há um passo que pode dar para melhorar a qualidade dos WC na escola dos seus filhos. Descubra qual

29 de abril de 2019 às 08:23

Sabia que apenas 41% dos alunos, em média, utilizam as casas de banho nas escolas públicas sempre que necessitam? O número é assustador, sobretudo visto no revés: 59% das crianças evitam o uso do WC no período escolar, segundo o estudo "Escolas Públicas – Condições de Saneamento e Conservação". Os motivos? Falta de limpeza, falta de segurança, falta de produtos de higiene. Não deveriam estes espaços ser, pelo contrário, promotores de bons hábitos?

Para o Dr. Viriato Horta, "as casas de banho devem reunir todas as condições possíveis para que os seus utilizadores se sintam confortáveis, seguros e com a necessária privacidade para fazerem as suas necessidades fisiológicas e atividades de higiene pessoal".

Dentro e fora do contexto escolar, é imperativa a sensação de conforto e de higiene. De volta ao estudo, aspetos básicos como o papel higiénico são assinalados, em média, por 34,3% dos alunos como ausência nos WC das escolas públicas. A falta de outros produtos, como toalhetes ou sabonete, é referida 14,4% das vezes.

A ausência de tais condições fomenta a perspetiva do especialista e justifica a principal conclusão do estudo: é necessário um conjunto de condições para as crianças se sentirem confortáveis e seguras. Isto leva-nos de volta à mais dramática conclusão do levantamento: em média, 59% das crianças evitam o uso do WC. Será possível mudar tal paradigma?

Quando o WC real não corresponde ao WC ideal

O estudo suprarreferido prova que estas recomentações não são cumpridas, ao assinalar alguns destes problemas nas casas de banho das escolas públicas. Uma média de 28,8% dos estudantes referem água no chão, pouca limpeza e manutenção e mau cheiro nos WC escolares. Uma média de 10,3% relatam "portas que não fecham/partidas/sem trinco". Como esperamos que os alunos se sintam seguros, quando não são asseguradas as condições necessárias?

Outro dado relevante do estudo prende-se com a falta de pessoal – praticamente 50% dos alunos, em média, defendem que as más condições das casas de banho se prendem com a ausência de funcionários junto destas instalações.

Este apontamento é especialmente importante por cair em duas vertentes – por um lado, a ausência de funcionários revela uma limpeza insuficiente, já assinalada e referida em 39,1% dos casos; por outro, tal ausência é sinónimo de menor supervisão, o que potencia o descuido dos mais novos e, em alguns casos, a vandalização.

O civismo deve ser parte da solução

A associação entre casas de banho degradadas e o potencial bullying que as crianças podem sofrer nestes locais já aqui foi abordada. A propósito destes temas, e inspirado na opinião do Professor José Pacheco, o Dr. Viriato Horta defende que uma das formas de minimizar estes problemas poderia ser o fim da distinção entre casas de banho de estudantes e de professores, que passariam a ser comuns. Na opinião de José Pacheco, citado pelo médico, isto levaria à melhoria do nível de limpeza, bem como ao aumento do respeito mútuo entre os próprios alunos e os professores, o que impediria que os WC fossem refúgio para maltratos – uma vez que, a qualquer momento, poderia aparecer um docente.

O médico defende ainda, e colhendo como exemplo o que se passa em alguns países, que "os alunos podem e devem fazer parte da solução para este problema, porque o bom estado de conservação e limpeza das casas de banho também passa pela sua correta utilização, cabendo aos alunos uma postura cívica que os leve a usá-las sem as estragar ou sujar propositadamente, fazendo todos os possíveis para deixar a casa de banho tal como gostaria de a encontrar, isto é, em perfeitas condições de funcionamento e limpeza." E sintetiza: "Isso passa por um processo contínuo de educação e de integração dos alunos, que os faça gostar da escola e sentirem-na como sua."

O primeiro passo para a mudança

As alterações nos WC escolares são difíceis e burocráticas, mas é importante pensar nos problemas destes espaços, tantas vezes relegados para segundo plano. A pensar no bem-estar dos mais novos, a Domestos decidiu pôr mãos à obra e fazer aquilo em que é especialista – ajudar a melhorar a limpeza nos WC das escolas públicas.

Chegou a altura de olhar para as casas de banho, de debater com os mais novos, com os funcionários, com a estrutura diretiva e com as associações de pais se este é ou não um problema que afeta a escola do seu filho. A partir do dia 6 de maio, o projeto Domestos nas Escolas estará em algumas instituições de ensino públicas para pôr as crianças a falar sobre os problemas dos WC. A ação estará presente em escolas da Grande Lisboa entre 6 e 10 de maio, e em escolas do Grande Porto entre 13 e 15 do mesmo mês.