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Uma parceria a três anos que pretende criar valor na saúde

Durante três anos, o Conselho de Curadores do Portugal Health Summit vai refletir a saúde e contribuir com as suas propostas para melhorar este setor que “é de todos e para todos”. As exigências no pós-pandemia, os modelos de gestão no público e no privado e os cuidados primários e cuidados continuados estiveram no centro do debate

29 de março de 2023 às 08:00

"Estamos perante uma crescente exigência, enfrentamos uma sociedade envelhecida, que no essencial tem mais tempo de vida, mas não com qualidade, ao mesmo tempo que a ciência oferece terapias cada vez mais sofisticadas e exigentes. Estamos, sem qualquer dúvida, perante o tema central das nossas vidas, em que a complexidade dos problemas exige a sabedoria de todos os que estão ligados ao setor e contribuir para este pensamento em liberdade e sem condicionalismos para se encontrarem as melhores soluções", começou por contextualizar Helena Garrido, jornalista na área da economia e das finanças, que moderou a sessão de lançamento da iniciativa Portugal Health Summit.

Para enfrentar todos os constrangimentos nesta área, "também o envolvimento do cidadão é crítico, o que significa que temos de envolver quem comunica de forma massiva com os cidadãos, os órgãos de comunicação social", continuou, garantindo que "também para os jornalistas é fundamental perseguir o interesse público e transmitir informação rigorosa e simples que contribua para a formação de uma sociedade capaz de criar opinião informada". Queremos, por isso, "com esta parceria a três anos, refletir, pensar a saúde e apresentar soluções que esperemos tenham impacto na saúde individual e de todos", realçou Helena Garrido.

"O Ministério da Saúde devia estar na Praça de Londres"

Numa mesa-redonda dedicada aos "Desafios da Saúde", o Conselho de Curadores, peritos em várias áreas estratégicas da saúde, identificou o que é mais importante e o mais urgente nesta área. A tarefa não foi fácil, até porque as questões neste setor tão sensível são inúmeras e complexas. Mas, há um aspeto central, desde logo identificado por Álvaro Beleza. Para o médico que trabalha no Serviço Nacional de Saúde (SNS) há 40 anos, o fundamental são as pessoas. "É urgente melhorar a gestão do serviço público de saúde, tendo como base a premissa de que a saúde deve tratar das pessoas desde que nascem até que morrem e, como tal, os cuidados devem estar em rede e debaixo da mesma tutela, sejam os Cuidados de Saúde Primários (CSP), os hospitais, os cuidados continuados, os lares ou as IPSS." É por isso que diz que "o Ministério da Saúde devia estar na Praça de Londres" e que na sua visão "é incompreensível" que uma parte do país esteja organizada em ULS - Unidades Locais de Saúde (que têm uma gestão integrada dos CSP, cuidados hospitalares e continuados) e a outra parte não, "quando sabemos que todos os nossos problemas estão relacionados com falta de integração e de ligação".

Na opinião do presidente do Conselho Coordenador da SEDES, "é essencial melhorar a gestão do SNS, criar uma Administração Central e organizar a prestação dos cuidados num modelo assente em ULS". E, depois, "como o setor social e privado são também atores essenciais para o todo", o dirigente considera que "temos de pôr todo o sistema ao serviço do doente". Por fim, "num sistema em que os doentes possam circular livremente entre o público ou no privado, a digitalização será uma ferramenta essencial, também vital para a reforma do Estado, pois vai permitir com menos gente, com menos burocratas, fazer melhor, mais rápido, mais barato e aproximar o Estado, os serviços e o sistema do cidadão". Como tal, resumiu o médico, "urgente será melhorar a gestão pública e dar ferramentas de gestão ao setor público como as que existem no privado", nomeadamente ao nível dos recursos humanos, pois sabemos que "no setor privado os médicos ganham mais e são remunerados de acordo com os seus resultados".

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