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A proposta foi apresentada em Junho, antes da tragédia de Pedrógão Grande. Entretanto, morreram 100 pessoas.
Empresas associadas da Associação Portuguesa de Segurança (APSEI) apresentaram, em Junho, uma proposta para monitorizar e prevenir incêndios a custo zero. O projecto-piloto seria aplicado em Pedrógão Grande e não foi aceite porque nenhuma tutela assumiu a responsabilidade pelos fogos: nem o Instituto das Florestas, nem o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, nem a GNR.
Quem o conta à SÁBADO é Samuel Cabral, da BC Segurança, que integra a APSEI. Antes dos incêndios em que morreram 64 pessoas, os associados quiseram apresentar um modelo que gere os mapas de satélite do Instituto Português de Meteorologia (IPMA), aplicando-lhes um algoritmo que dá mais informação. Com o sistema, seria possível detectar onde se registam as condições perfeitas para a deflagração de um incêndio ou saber com uma semana de antecedência onde se podem propagar fogos. Assim, seriam combatidos nos momentos iniciais.
Os dados entrariam nos canais já existentes e poderiam ser geridos por um gabinete de detecção precoce, propõe Cabral. Patrulhas da GNR poderiam vigiar o terreno.
A zona de Pedrógão Grande foi seleccionada para o teste. Em Junho, a proposta foi feita ao Instituto das Florestas que a recusou, alegando não ter tutela sobre o combate a incêndios.
A nova tentativa da APSEI passou pelo Ministério da Agricultura. Mas o Governo demarcou-se, argumentando que a decisão era da GNR. "Mas ainda não houve audiência. Sabemos que a GNR não decide sobre fundos", conta Samuel Cabral. "Apesar de os protótipos terem sido sugeridos a custo zero." Já o investimento seria de menos de €50 mil, estima.
Por ano, a economia portuguesa perde cerca de 250 milhões de euros devido aos fogos florestas, de acordo com o site Dinheiro Vivo. Segundo o Orçamento do Estado para 2018, o Governo pretende gastar 235,6 milhões de euros em combate aos fogos florestais. É um aumento relativamente a 2017, em que foram aplicados €211,9 milhões.
Assim, a proposta ainda não foi apresentada em detalhe a ninguém: apesar de terem morrido 64 pessoas em Pedrógão Grande e, neste fim-de-semana, pelo menos 35 nos incêndios em todo o país.
Amanhã, a BC Segurança participa na 3ª Conferência de Segurança Privada, no Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna (ISCPSI). Carlos Palma, o Secretário-Geral do Ministério da Administração Interna, estará presente no evento.
Samuel Cabral lamenta a actuação dos diferentes organismos governamentais. "Propusemos uma solução mas o problema é sempre o mesmo: não há uma entidade que diga, ‘a responsabilidade dos incêndios é minha’. Como ninguém a tem, a culpa morre solteira", diz. "Pensei que íamos ter tempo. Podíamos ter evitado Pedrógão."
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