Sábado – Pense por si

Pedro Marta Santos
Pedro Marta Santos
17 de março de 2020 às 09:00

A voz de Von Sydow

O som de Max von Sydow acalmava a histeria e serenava o medo, aquele timbre de rei, confessor, sacerdote como última consolação face às partículas famintas que grassam pela terra. O mundo tem mais silêncio

A linguagem é um vírus mais forte do que o Covid-19, a idade é uma doença crónica e Max von Sydow sabia disso como ninguém. Recua-se à abertura de Europa (1991) de Lars von Trier, outro oráculo nórdico, e ouve-se a voz ominosa, aristocrática, reconfortante, temível de Carl Adolf Von Sydow – sueco de nascimento, era um prussiano com raízes nobres por via paterna – antes de avistar os trilhos de um comboio, o trem da perdição de um continente devastado pela guerra. É um produto hipnótico, a voz de Von Sydow: "Queres acordar para te libertares da imagem de Europa. À contagem mental de 10, aí estarás. Eu digo: 10."

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