Pili Hussein, uma mulher de 60 anos, nasceu na Tanzânia, onde fingiu - durante quase um ano - ser homem para poder trabalhar nas minas. Durante a infância foi tratada como um rapaz pelo pai e, depois de casar, sofreu abusos por parte do marido até que, aos 31 anos, fugiu para as minas da Tanzânia.
Depois de fugir, procurou trabalho numa pequena cidade da Tanzânia, Mererani – perto da montanha do Kilimanjaro –, onde se encontra um mineral valioso chamado tanzanite. "Quando cheguei a Mererani, disseram-me que as mulheres não podiam entrar nas minas. Não sabia se a lei proibia as mulheres de trabalhar ou se os homens achavam que elas não seriam capazes de fazer esse trabalho", explicou Pili em entrevista à britânica BBC. .
E a solução encontrada pareceu óbvia - decidiu fazer-se passar por homem, para poder trabalhar nas minas e juntar dinheiro. "Segui, às escondidas, alguns homens até às minas para ver como faziam o trabalho. E pensei, eu consigo fazer isto. Porque é que deve importar eu ser mulher?", afirmou.
Mudou de nome para Mjomba (Tio, em português) Hussein. "Chamavam-me Mjomba Hussein. Não disse a ninguém que o meu verdadeiro nome era Pili".
Vestiu calças e T-shirts largas e ninguém percebeu que não era um homem. Pili trabalhava entre 10 a 12 horas por dia, a centenas de metros debaixo do chão. "Chegava a estar a 600 metros do solo, dentro das minas. Fazia-o com mais bravura que muitos outros homens. Era muito forte, capaz de fazer o que eles só esperavam que um homem conseguisse. Ninguém sabia que eu era uma mulher porque tudo o que fazia, fazia como um homem", contou.
Depois de cerca de um ano tinha encontrado duas pedras grandes de tanzanite. Com o dinheiro que ganhou, construiu casas para a sua família e começou a contratar mineiros para trabalharem para ela.
A verdade sobre Pili só foi descoberta por não ter tido outra opção - uma mulher local fez queixa de violação e Pili foi detida como suspeita. "Quando a policia veio, os homens que a tinham violado disseram que tinha sido eu a faze-lo e fui levada para a esquadra", afirmou à BBC.
Foi quando pediu às autoridades que chamassem uma mulher que a pudesse examinar, para provar que não poderia ser responsável pelo sucedido. Pouco tempo depois foi libertada.
Os seus colegas não acreditavam que pudesse ser uma mulher. "Não acreditaram nem quando a policia lhes disse que eu era uma mulher. Não foi fácil para eles aceitar".
Pili construiu uma carreira de sucesso e é hoje dona de uma companhia de minas com 70 trabalhadores. Três deles são mulheres, mas não trabalham directamente nas minas, mas sim na cozinha. "Algumas lavam as pedras, outras cozinham, mas não vão para as minas, não é fácil que alguma mulher queira fazer o trabalho que eu fiz".
Com o dinheiro que conseguiu, já pagou pela educação de 32 familiares. Contudo, afirma que não encorajaria a filha a seguir as mesmas pisadas que ela. "Estou orgulhosa do que fiz – fez-me rica – mas foi muito difícil. Quero assegurar que a minha filha vai para a escola, tem uma educação, e depois poderá fazer o que quiser".
Para poder adicionar esta notícia deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da SÁBADO, efectue o seu registo gratuito.
Pili Hussein fez-se passar por um homem para arranjar trabalho nas minas da Tanzânia
Pili Hussein, uma mulher de 60 anos, nasceu na Tanzânia, onde fingiu - durante quase um ano - ser homem para poder trabalhar nas minas. Durante a infância foi tratada como um rapaz pelo pai e, depois de casar, sofreu abusos por parte do marido até que, aos 31 anos, fugiu para as minas da Tanzânia.
Depois de fugir, procurou trabalho numa pequena cidade da Tanzânia, Mererani – perto da montanha do Kilimanjaro –, onde se encontra um mineral valioso chamado tanzanite. "Quando cheguei a Mererani, disseram-me que as mulheres não podiam entrar nas minas. Não sabia se a lei proibia as mulheres de trabalhar ou se os homens achavam que elas não seriam capazes de fazer esse trabalho", explicou Pili em entrevista à britânica BBC. .
E a solução encontrada pareceu óbvia - decidiu fazer-se passar por homem, para poder trabalhar nas minas e juntar dinheiro. "Segui, às escondidas, alguns homens até às minas para ver como faziam o trabalho. E pensei, eu consigo fazer isto. Porque é que deve importar eu ser mulher?", afirmou.
Mudou de nome para Mjomba (Tio, em português) Hussein. "Chamavam-me Mjomba Hussein. Não disse a ninguém que o meu verdadeiro nome era Pili".
Vestiu calças e T-shirts largas e ninguém percebeu que não era um homem. Pili trabalhava entre 10 a 12 horas por dia, a centenas de metros debaixo do chão. "Chegava a estar a 600 metros do solo, dentro das minas. Fazia-o com mais bravura que muitos outros homens. Era muito forte, capaz de fazer o que eles só esperavam que um homem conseguisse. Ninguém sabia que eu era uma mulher porque tudo o que fazia, fazia como um homem", contou.
Depois de cerca de um ano tinha encontrado duas pedras grandes de tanzanite. Com o dinheiro que ganhou, construiu casas para a sua família e começou a contratar mineiros para trabalharem para ela.
A verdade sobre Pili só foi descoberta por não ter tido outra opção - uma mulher local fez queixa de violação e Pili foi detida como suspeita. "Quando a policia veio, os homens que a tinham violado disseram que tinha sido eu a faze-lo e fui levada para a esquadra", afirmou à BBC.
Foi quando pediu às autoridades que chamassem uma mulher que a pudesse examinar, para provar que não poderia ser responsável pelo sucedido. Pouco tempo depois foi libertada.
Os seus colegas não acreditavam que pudesse ser uma mulher. "Não acreditaram nem quando a policia lhes disse que eu era uma mulher. Não foi fácil para eles aceitar".
Pili construiu uma carreira de sucesso e é hoje dona de uma companhia de minas com 70 trabalhadores. Três deles são mulheres, mas não trabalham directamente nas minas, mas sim na cozinha. "Algumas lavam as pedras, outras cozinham, mas não vão para as minas, não é fácil que alguma mulher queira fazer o trabalho que eu fiz".
Com o dinheiro que conseguiu, já pagou pela educação de 32 familiares. Contudo, afirma que não encorajaria a filha a seguir as mesmas pisadas que ela. "Estou orgulhosa do que fiz – fez-me rica – mas foi muito difícil. Quero assegurar que a minha filha vai para a escola, tem uma educação, e depois poderá fazer o que quiser".
É expressamente proibida a reprodução na totalidade ou em parte, em qualquer tipo de suporte, sem prévia permissão por escrito da Cofina Media - Grupo Cofina. Consulte as condições legais de utilização.