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Pontos de venda de jornais preparam providência cautelar para travar taxa extra da VASP

04 de junho de 2021 às 20:10
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De acordo com o documento a que a Lusa teve acesso, a VASP vai cobrar uma taxa diária de entrega de um euro e meio de segunda a sábado e de um euro aos domingos, mais IVA, como forma de comparticipação dos custos de transporte, entrega e recolha das publicações.

Mais de três centenas de pontos de venda já boicotaram o comércio de jornais, após a VASP ter comunicado a aplicação de uma taxa extra de entrega, preparando-se agora para avançar com uma providência cautelar para travar esta decisão.

"Neste momento, está a ser criada uma associação dos agentes e vai entrar uma providência cautelar contra a iniciativa da VASP", adiantou à Lusa Helena Barros, em representação de cerca de 320 pontos de venda, como papelarias e quiosques, que já boicotaram a comercialização de algumas publicações.

A 06 de maio, a distribuidora VASP enviou uma nota aos clientes relativa à atualização das condições de fornecimento.

De acordo com o documento, a que a Lusa teve acesso, a empresa vai cobrar, a partir de 04 de julho, uma taxa diária de entrega no valor de 1,50 euros de segunda a sábado e de um euro aos domingos, a que acresce o IVA, como forma de comparticipação dos custos de transporte, entrega e recolha das publicações.

"Apesar dos vários apelos dirigidos ao Governo da República, a VASP não recebeu até à data qualquer tipo de apoio do Estado, tendo os seus acionistas vindo a suportar os fortes prejuízos resultantes da manutenção desta atividade", apontou a distribuidora, pedindo um "esforço conjunto" aos pontos de venda, seguindo o modelo em vigor "em outros países europeus".

Face a esta decisão, pelo menos, 320 pontos, organizados num grupo na rede social Facebook, decidiram boicotar, desde 01 de junho, a venda do Correio da Manhã, a que se juntou, desde esta sexta-feira, o Expresso.

No entanto, a partir da próxima segunda-feira podem ser acrescentados mais títulos a esta lista, sendo que vários quiosques e papelarias suspenderam já a venda de qualquer jornal ou revista.

A par destas iniciativas foi também criada uma petição pública, que conta com 1.720 assinaturas.

"A nossa única arma é esta e estamos a usá-la para demovê-los desta cobrança, que não deve ser paga por nós", apontou Helena Barros.

Segundo esta representante dos pontos de venda, os pequenos agentes, "que vendem meia dúzia de jornais por dia, vão mesmo fechar a porta" e alguns já estão a rescindir o contrato com a distribuidora.

Para os pontos de venda, o valor angariado com a nova taxa vai além das despesas do transporte, entrega e recolha de publicações.

De acordo com os números avançados à Lusa pelos comerciantes, a VASP tem cerca de 6.000 pontos de venda que vão ser obrigados a pagar cerca de 49,32 euros por mês, perfazendo um total de 295.920 euros.

"A nossa contraproposta é zero. Não podemos aceitar mesmo. Cada um de nós pode ter [uma caução na VASP] de três, quatro ou cinco mil euros. Se rescindirmos todos, há dinheiro para nos devolver?", questionou.

A VASP, empresa de distribuição de imprensa, é detida em partes iguais por três grupos de media: Cofina Media, Global Media Group e Impresa, segundo a informação disponível na sua página na internet.

Justa Causa

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