A história que levou o erário público a empenhar 360 milhões de euros na EFACEC não começa na nacionalização decidida em 2020. Envolve a família Mello, a banca, uma “princesa” angolana – e a típica gestão no Estado.
Montepio, Novo Banco, BCP, CGD e BPI terão colocado €140 milhões nas mãos de offshores. Os bancos reclamaram depois as ações da empresa e o Ministério Público e o juiz acusaram-nos de conluios e de fechar os olhos aos perigos associados aos créditos.
A operação, precisou João Nuno Mendes, envolverá uma pré-capitalização a ser realizada pela Parpública e financiamento por parte do Banco de Fomento, o que, referiu, "permitirá ao Estado português reaver um conjunto de garantias de Estado que tinham sido prestadas ao longo destes dois anos a financiamentos bancários concedidos à Efacec" e que são na ordem dos 115 milhões de euros.
Entre os candidatos estão cinco empresas da área industrial: duas portuguesas e três estrangeiras. Governo garante que não vai privilegiar o encaixe financeiro e que na altura da nacionalização o valor da empresa era “negligenciável”.
o secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, adiantou que "existe um conjunto significativo de investidores que estão interessados" e enunciou alguns dos critérios que integram o caderno de encargos, nomeadamente o preço por ação, a credibilidade do projeto ou o reforço da capacidade económico-financeira da empresa.
Deputada comunista Diana Ferreira afirmou que a Efacec é "absolutamente estratégica" para Portugal, "provavelmente a última empresa da indústria transformadora na área da metalomecânica e eletromecânica".
O ministro da Economia disse que o Turismo de Portugal está a avaliar com a TAP a possibilidade de se fazerem "outro tipo de rotas", umas vez que o mercado se alterou, devido à pandemia.
O Presidente da República considerou a Efacec como "uma empresa importante, em termos científicos, tecnológicos e de projeção no estrangeiro".
De acordo com o comunicado do Conselho de Ministros, "a intervenção do Estado deve ainda ser feita por período restrito no tempo e com vista à resolução temporária da respetiva situação".
Governo anunciou que a Efacec, de Isabel dos Santos, foi nacionalizada. Quanto à TAP, ministra acredita em acordo nas próximas horas.
A empresária angolana entrou no capital da Efacec Power Solutions em 2015, após comprar a sua posição aos grupos portugueses José de Mello e Têxtil Manuel Gonçalves.
Isabel dos Santos tinha alertado que o arresto de contas bancárias pessoais e das empresas que tem em Portugal está a impedir os pagamentos de salários, de impostos e a fornecedores.
A empresa e os seus acionistas "são entidades distintas", pelo que as contas da empresa "não foram congeladas, nem em Portugal nem em qualquer outro país".
A Efacec anunciou que Isabel dos Santos vai sair do capital da empresa de forma definitiva. Mário Leite da Silva e Jorge Brito Pereira também renunciaram aos cargos na empresa.
Empresa Matter Business Solutions recebeu 100 milhões de dólares da Sonangol, segundo a investigação jornalística Luanda Leaks.
Os investimentos da empresária angolana em Portugal incluem posições na operadora de telecomunicações NOS, no banco EuroBIC, na Efacec e na Galp.
