Imigrante do Bangladesh contou que teve de retirar a filha de um ano de Portugal por sentir que o racismo estava a crescer no País. Comitiva instou jornalistas a não ouvirem o homem.
Durante a uma ação de campanha do Chega na Póvoa de Varzim, um imigrante vindo do Bangladesh acusou o líder do partido, André Ventura, de incitar ao racismo. Após o líder do Chega afirmar que só pedia que os migrantes, "como todos os outros", que cumprissem com a lei, membros da comitiva do Chega apelavam aos jornalistas: "Parem de lhe dar palco! Ainda existem portugueses neste país", tendo havido mesmo uma mulher que afirmou: "Se estás mal, volta para o teu país".
EPA/ESTELA SILVA
De acordo com o jornal Observador, o migrante chama-se Ikbal, tem 33 anos, vive em Portugal há três e trabalha para uma empresa, tendo a sua situação regularizada. Afirmou trabalhar numa estufa, mas afirma que conhece exemplos de pescadores indonésios que fazem o trabalho que os portugueses não querem fazer. Ventura respondeu que entendia, acrescentando que "o Estado não pode estar a dar casas a outras pessoas quando não há para os nossos", tendo Ikbal respondido que não estava a falar de casas.
"A minha filha" de um ano "nasceu cá e mandei-a embora por haver muita resistência aos imigrantes", afirmou o migrante entre lágrimas, frente ao líder do Chega que não pareceu comover-se com o relato, atirando apenas: "Tem de cumprir as regras, você e todos". Mais tarde, em declarações aos jornalistas, Ikbal afirmou também não gostar de "quem vem sem vistos ou documentos", mas sublinhou que não vê o Chega a apresentar soluções sérias: "Só quer fazer política… porque é a terceira [força política] e quer ficar maior", afirmou, acusando o Chega de não ter soluções para os problemas que identifica.
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Trabalhador imigrante diz a Ventura que sofre racismo e ouve da comitiva “volta para o teu país”
Enquanto criticava esta postura do partido de direita, uma mulher que seguia na comitiva do Chega e tinha ficado para trás afirmou de forma audível: "Se estás mal, volta para o teu país". Outro jovem que ouvia as reclamações do migrante gritou aos jornalistas: "Viva Portugal. Parem de lhe dar palco. Ainda existem portugueses neste país".
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O espaço lusófono não se pode resignar a ver uma das suas democracias ser corroída perante a total desatenção da opinião pública e inação da classe política.
É muito evidente que hoje, em 2025, há mais terraplanistas, sim, pessoas que acreditam que a Terra é plana e não redonda, do que em 1925, por exemplo, ou bem lá para trás. O que os terraplanistas estão a fazer é basicamente dizer: eu não concordo com o facto de a terra ser redonda.
O regresso de Ventura ao modo agressivo não é um episódio. É pensado e planeado e é o trilho de sobrevivência e eventual crescimento numa travessia que pode ser mais longa do que o antecipado. E que o desejado. Por isso, vai invocar muitos salazares até lá.