Sábado – Pense por si

Retomadas buscas por avião MH370 quase dez anos após desaparecimento

Autoridades vão alargar as buscas no sul do Oceano Índico. Permanece a hipótese de um cenário de homicídio e suicídio, que resultou no desaparecimento de 239 pessoas.

O calendário marcava o dia 8 de março de 2014 quando o voo MH370 da Malaysian Airlines, que transportava 227 passageiros e 12 tripulantes, desapareceu do radar a caminho de Pequim. Apesar de terem sido levadas a cabo várias buscas, o caso permaneceu sempre em mistério. Agora, passados quase 10 anos, a Malásia volta a organizar uma nova investigação.

REUTERS/Hasnoor Hussain

"O governo está firme na determinação de localizar o MH370", disse este domingo o ministro das Infraestruturas, Anthony Loke, durante um evento que reuniu familiares das vítimas nos arredores de Kuala Lumpur, capital da Malásia. "Esperamos realmente que a busca possa encontrar o avião e fornecer a verdade aos familiares mais próximos".

A Malásia, a China e a Austrália encerraram em janeiro de 2017 uma caça submarina que durou cerca de dois anos, e custou perto de 200 milhões de dólares australianos (119 milhões de euros), e no ano seguinte o governo malaio contratou a Ocean Infinity para fazer buscas no sul do Oceano Índico, oferecendo-se a pagar um valor de até 70 milhões de dólares (64 milhões de euros). Ambas as tentativas saíram fracassadas, mas agora a empresa norte-americana irá regressar ao local para alargar o campo de investigação.

REUTERS/Hasnoor Hussain

"Estamos agora a aguardar que [Ocean Infinity] forneçam datas adequadas, e espero encontrá-los em breve", acrescentou o ministro, ao informar que irá entrar em conversações com a Austrália para retomar a cooperação.

Em 2020 o antigo primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, já tinha afirmado que as autoridades malaias acreditavam que a queda do avião tinha sido propositada, por parte do piloto. Por isso, nunca descartaram a possibilidade de um cenário de homicídio e suicídio. Agora, ainda que esta hipótese se possa manter em cima da mesa, a decisão de retomar as buscas foi finalmente aplaudida pelos cerca de 200 familiares de vítimas malaias, australianas, chinesas e indianas, que reuniram num memorial.

REUTERS/Hasnoor Hussain

"Estamos numa montanha-russa há 10 anos. Se o avião não for encontrado, espero que continuem outras buscas", disse Jacquita Gomes, a mulher de um comissário de bordo.

Todos querem que as buscas continuem, no entanto, os familiares acreditam que também é importante terem os pés assentes na terra. "Queremos que a busca continue, mas também temos que ser realistas. Não podemos esperar que o governo gaste milhões [na busca]", sublinhou Nathan, cuja esposa, Anne Daisy, seguia a bordo do voo.

A mãe de Jiang Hui também era uma das passageiras. O cidadão chinês apela agora à Malásia para que o país vá fornecendo informações aos familiares. "Enquanto houver comunicação poderemos evitar mal-entendidos", disse.

Como a mãe de Jiang, estavam também no voo mais de 150 passageiros chineses. Muitos dos familiares exigem agora indemnizações à Malaysia Airlines, da Boeing.

Artigos Relacionados
Editorial

Só sabemos que não sabemos

Esta ignorância velha e arrastada é o estado a que chegámos, mas agora encontrou um escape. É preciso que a concorrência comece a saber mais qualquer coisa, ou acabamos todos cidadãos perdidos num qualquer festival de hambúrgueres

GLOBAL E LOCAL

A Ucrânia somos nós (I)

É tempo de clarificação e de explicarmos às opiniões públicas europeias que sem Segurança não continuaremos a ter Liberdade. A violação do espaço aéreo polaco por parte da Rússia, com 19 drones, foi o episódio mais grave da história da NATO. Temos de parar de desvalorizar a ameaça russa. Temos de parar de fazer, mesmo que sem intenção, de idiotas úteis do Kremlin. Se não formos capazes de ajudar a Ucrânia a resistir, a passada imperial russa entrará pelo espaço NATO e UE dentro