O copo de fim do dia
De súbito, o nosso grupo de WhatsApp parecia uma sucursal da Disney.
De súbito, o nosso grupo de WhatsApp parecia uma sucursal da Disney.
Perguntei-lhe se tinha reparado no que ele tinha dito na rádio. Tinha, claro, e tinha também pedras a pôr sobre o assunto.
As casas de banho abertas para os quartos de hotel são a nova kitchenette da classe média alta.
Ninguém o invejava pela frente nem o criticava pelas costas – a admiração era a 360º: como podia alguém criticá-lo?
Na prática a teoria é outra e festas-surpresa têm tendência a surpreender o total de zero aniversariantes.
Contava-lhes como aquela turma de seniores tinha cercado a minha manta de piquenique, fazendo uma algazarra.
Claro que eu lhe mentia: a dor dos outros dói quase sempre menos do que o corte de papel no nosso mindinho.
Olhei-o enquanto me passava o picante. Precisávamos de desvendar o mistério do fim de uma relação e do início de uma vida sem ela.
A newsletter de quarta-feira.
Não era cinema iraniano nem francês, mas, para a plateia que eu pretendia alcançar, era o filme perfeito.
Tinha pedido uma boleia via aplicação e (muito ambientalista da minha parte) tinha pedido que a boleia fosse elétrica.
“Tu gostavas destes parques aquáticos quando eras pequena?” “Nunca”, respondi, “sempre fugi deles”.
Sem ter uma posição definida (não queria atacar nem defender), mudei a agulha: “Seria tão estranho como pedir um autógrafo”.
A brincadeira consistia em desaparecermos, idealmente, uma temporada da vista dos outros miúdos, logo, também dos pais.
“Sem pedirmos um orçamento não vamos saber quanto custa, não é?”, disse o meu eu imobiliário, como quem fechava negócio.
“Os polvos vão dominar o mundo”, dizia-lhe eu. Com cara de quem não dominava o tema moluscos, ele iria contrariar-me.