
Como os bancos vendem os créditos malparados
O negócio à volta do lixo bancário é um dos mais quentes do momento. As vendas a preço de saldo envolvem noitadas de trabalho, viagens a destinos exóticos - e negociação dura.
O negócio à volta do lixo bancário é um dos mais quentes do momento. As vendas a preço de saldo envolvem noitadas de trabalho, viagens a destinos exóticos - e negociação dura.
Enquanto a banca continua a ser pressionada para reduzir o crédito malparado, os fundos que compram essas dívidas entregam a cobrança a empresas que agem sem regulação – e que podem telefonar aos devedores até 10 vezes por dia.
Volume de dívidas sob gestão subiu 52% em 2018. Empresas recuperaram 711 milhões. Atividade é largamente auto-regulada.
Como uma pequena empresa criada em Portugal pelo Lehman Brothers sobreviveu ao fim do seu accionista – e se tornou líder de recuperação de malparado no país.
Este vai ser um ano-recorde de venda de maus créditos pela banca em Portugal. Os compradores são fundos estrangeiros, cujo lucro depende da eficácia na cobrança das dívidas-zombie de milhares de pessoas e empresas. A explosão do negócio ilustra a longa sombra deixada pela crise
Acumulam-se os sinais de que a banca está a ficar mais confortável na hora de emprestar aos particulares - talvez demasiado confortável. Não é só a subida dos montantes que conta, mas a qualidade dos créditos. Estaremos a repetir erros dez anos depois da crise financeira?
Carlos Cruz conversou com a SÁBADO durante uma hora e meia. “Nunca – observou a jornalista que o entrevistou –, nem nas perguntas e flashes mais difíceis, levou os olhos ao chão”
Este ano deverá fixar um novo recorde na venda de carteiras de maus créditos, baptizadas com nomes sugestivos. Grandes fundos estrangeiros são os compradores.
O Grupo Arrow Global, de que a ex-ministra das Finanças é administradora não executiva e que tem a Whitestar, pagou cerca de 17 milhões de euros para ficar com a Norfin, de Brison Sanches, Relvas e Botton. O Banco de Portugal tem de aprovar.
A Arrow, a gestora britânica de que é administradora a ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, é uma das candidatas à compra até mil milhões de euros de crédito malparado do Montepio, noticia o Público.
Na semana passada, a assembleia-geral da Arrow Global ratificou a nomeação de Maria Luís Albuquerque como administradora não executiva. É a oficialização de uma contratação anunciada em Março.
A subcomissão de ética já concluiu que não há incompatibilidades na ida de Maria Luís Albuquerque para a Arrow Global. Mas os comunistas não estão convencidos e avançam com pedidos na comissão de inquérito ao Banif.
... e a ex-ministra das Finanças também. A conclusão é da subcomissão de ética do Parlamento, que será votada no dia 8 de Abril
"Não é suposto perguntar ao ministro das Finanças a quem é que vende a carteira", comentou a deputada social-democrata Maria Luís Albuquerque em relação à empresa de que é administradora e que fez negócios com o Banif.
Subcomissão de Ética decide sobre caso de Maria Luís Albuquerque no dia 8 de Abril