Há 40 anos que a desigualdade começou a subir no Ocidente. A data, citada nos textos de vários economistas, coincide com o início do lento desmantelamento do Estado Social, aquela invenção do pós-guerra que só chegou a Portugal quase 30 anos depois, com a Revolução de Abril.
Na peça de Eugene O’Neill, assistimos aos acontecimentos que ocorrem, num único dia, a uma família completamente disfuncional. Começamos de manhã, bem cedo, com um ambiente solar e cheio de esperança, e terminamos, de noite escura, com um intenso e dramático processo de auto-destruição que não deixa espaço para aquela esperança inicial.
Nada funciona como deve ser nem nas escolas, nem nas unidades de saúde, nem no sistema judiciário (tribunais e delegações do Ministério Público), nem na habitação, nem nos transportes, nem... A lista é longa, dolorosamente longa.
Todavia, também à esquerda do PS, o vazio de alternativas políticas é igualmente notório, sendo frustrante que por essas áreas não se tenha já aprendido que ser um partido de protesto nunca servirá para muito.
A sua newsletter de segunda-feira.
Algo aparentemente tão inócuo como os fenómenos desportivos (e particularmente o futebol), pode servir de ponto de partida para situações e acontecimentos de consequências potencialmente catastróficas.
Certo, certo, é que a França vive esta guerra latente, com erupções mortíferas de vez em quando, há demasiados anos. E sem solução à vista.
A socióloga dedica-se ao estudo da cidadania, que diz ser "frágil". Porém, nem todos têm que ser cidadãos ativos.
Estou farto das telenovelas de quarta qualidade (aliás, sem qualquer qualidade), como por exemplo (mas é apenas um exemplo) a Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, que, sem conseguir alcançar os objectivos que levaram à sua criação, apenas servem para distrair os portugueses e impedir o debate dos verdadeiros problemas que afectam o País. E que são tantos.
Comparar António Costa a um porco não é comparável a colocar um preservativo no nariz de um Papa, Paulo Portas a Pinóquio e Cavaco Silva e Passos Coelho a Adolfo Hitler. Isto para referir apenas algumas imagens que circularam abundantemente pelos meios sociais procurando "dourar" o acto do professor da FENPROF (e não do STOP), e procurando fazer crer que essas outras caricaturas se equivaliam.
Ao baixar as taxas base de 3,5% para 2,5%, o Governo presta um serviço inestimável à banca, que sempre rosnou contra esta competição infame. Marchar contra o grande capital pode ter sido o programa socialista no passado. Hoje, marcha-se contra o pequeno porque a luta continua.
Estudo "Portugal, Balanço Social 2022", com base em dados do INE, indica que a pandemia acentuou esta tendência. Madeira, Algarve e Norte são as zonas que passam mais dificuldades.
Mas, a verdade é que tudo tem limites e a actuação de certos membros do governo (que, por pudor, aqui prefiro não adjectivar) já há muito ultrapassou esses limites mais elementares.
A verdade é que cheguei à conclusão de que, com todas as confusões geradas pelos comportamentos de vários membros do Governo, vai ser totalmente impossível proceder a uma discussão séria acerca do futuro da União Europeia na campanha eleitoral para a escolha dos deputados portugueses ao Parlamento Europeu.
Os acontecimentos recentes no nosso País trazem-me à memória duas frases batidas: "Foi para isto que fizemos o 25 de Abril?" e "Não foi para isto que fizemos o 25 de Abril!".
Nunca vi a direita ter tantas ambiguidades com as greves dos professores ou meter no mesmo saco manifestações anti-senhorios e as dos defensores do alojamento local. É agitação, é contra o Governo? Serve.
