Partidos e achados
A campanha eleitoral, aparente e invisível, vai durar quatro meses. Para fazer o povo ir às urnas é preciso algo novo, mas não gratuito. E algo provado, mas não envelhecido.
A campanha eleitoral, aparente e invisível, vai durar quatro meses. Para fazer o povo ir às urnas é preciso algo novo, mas não gratuito. E algo provado, mas não envelhecido.
Quando chegamos à Operação Influencer percebemos, com profunda náusea, que um advogado de negócios e um gestor com escasso vocabulário, representantes da empresa de Sines, têm via verde junto de ministros, com quem almoçam e vão para os copos.
Mandou o chefe de gabinete avisar Costa de que não convidasse ninguém para o Governo. E em abril estava convencido de que Galamba ia sair. Os dramas da hora decisiva do mandato e o Marcelo que não se mostra para as câmaras: o que telefona ao neto para discutir política, ia a Fátima na pandemia e anda por aí a pé, em Lisboa, todos os dias.
E se nos cinco meses até à eleição e tomada de posse do novo governo o Supremo Tribunal de Justiça arquivar o inquérito a António Costa?
O Conselho de Estado acabou com um empate. Mas só porque Lídia Jorge saiu antes do fim da reunião.
Se a convocação de eleições era incontornável, a sua data e a decisão sobre o Orçamento são mais discutíveis. A forma escolhida foi interessante: o Presidente da República retirou quase todo o dramatismo e o significado ao momento político inédito que vivemos desde terça-feira. É uma escolha estratégia que lhe dá vantagens, mas que nos deixa uma sensação de normalidade artificial.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou hoje que irá dissolver a Assembleia da República e convocar eleições antecipadas para 10 de março de 2024.
O futuro do Orçamento do Estado está nas mãos de Marcelo Rebelo de Sousa. Se dissolver já o Parlamento, o documento fica sem efeito e o País em duodécimos. Mas há uma forma de convocar eleições e garantir que o Orçamento entra em vigor.
Quando João Gomes Cravinho se sentar com os seus colegas europeus, todos terão lido sobre as suspeitas que recaem sobre ele em relatórios que avaliam a sua credibilidade. Será visto como um ministro frágil, sem autoridade ou força política para assumir compromissos em nome do Governo.
Vítor Carreto recusou representar os arguidos, à semelhança do que tinha acontecido na fase de instrução, por afirmar que o processo está "inquinado" desde o início.
Ser capaz de ganhar eleições e manter o poder não é o mesmo que ser um bom primeiro-ministro. António Costa tem sido capaz de governar ao sabor da corrente, gerindo o dia a dia e encontrando soluções que não são mais do que pensos rápidos - mas não resolvem problemas de fundo.
“Terminei de escrever este ensaio em janeiro deste ano. Os acontecimentos políticos destes últimos meses têm uma influência zero naquilo que escrevi”, garantiu Cavaco Silva na apresentação do livro "O Primeiro-Ministro e a Arte de Governar".
Dez anos de cavaquismo contra os quase oito de costismo: que marcas ficam no País dos dois homens que mais tempo estiveram em São Bento?
Cavaco tranquiliza-nos com a segurança de que, não estando ele ao leme da Nação, a tratar de resolver as coisas por nós, poderão sempre estar delfins do seu conhecimento. Assim saibam beber os ensinamentos. Entreguemo-nos, portanto, ao sonho, porque jamais dormiremos tão descansados!
Perder as europeias, sobretudo na atual conjuntura política, com a sucessão de casos que afetam o Governo, seria mau para o PSD, mas seria o fim da liderança de Luís Montenegro. Esse será o seu teste do algodão.
A obra O Primeiro-Ministro e a Arte de Governar inclui também um conjunto de textos sobre Portugal e a União Europeia e crónicas sobre a política portuguesa.