A Fiequimetal divulgou um comunicado em que afirmou que a Petrogal deve responder pelos despedimentos previstos e acusou a Martifer de mandar dispensar 90 trabalhadores.
Coronavírus: Trabalhadores da refinaria de Sines responsabilizam Petrogal por despedimentos
Os representantes dos trabalhadores da refinaria de Sines responsabilizaram hoje a Petrogal pelo despedimento de 90 trabalhadores que prestam serviço de manutenção através de uma empresa subcontratada pela Martifer, que é contratada pela petrolífera.
Petrogal Sines João Miguel Rodrigues / Correio da Manhã
A Federação dos Sindicatos das Indústrias Metalúrgicas, Elétricas, Químicas e Metalomecânicas (Fiequimetal) divulgou hoje um comunicado em que afirmou que a Petrogal deve responder pelos despedimentos previstos para a refinaria de Sines e acusou a Martifer de mandar a sua subcontratada CMN dispensar 90 trabalhadores.
A Comissão de Trabalhadores (CT) da refinaria também já tinha emitido um comunicado a responsabilizar a Petrogal pela situação, que enviou ao Presidente da República e ao primeiro-ministro.
A Galp optou por não se pronunciar sobre o caso em si, mas enviou à agência Lusa uma declaração sobre o recurso a prestadores de serviços.
Para a empresa, o recurso a prestadores de serviços externos "é uma prática normal, quase obrigatória em instalações industriais, nomeadamente para fazer face a inúmeros trabalhos especializados em que estas empresas têm adequados recursos e know-how".
"A contratação de fornecedores e prestadores de serviços externos é, de resto, uma das formas através das quais estas grandes unidades industriais contribuem para a criação de riqueza na sociedade, criando empregos e promovendo todo um tecido empresarial que, de outra forma, não se desenvolveria", defendeu a Galp.
Hélder Guerreiro, dirigente do Site Sul (sindicatos das indústrias transformadoras, que integra a Fiequimetal) e coordenador da CT da Petrogal, disse à Lusa que os 90 trabalhadores que vão ficar sem trabalho pertencem todos à empresa de manutenção CMN, subcontratada pela Martifer.
Segundo o sindicalista, 60 dos trabalhadores a dispensar têm contrato a termo certo ou por tempo indeterminado e os restantes 30 trabalham à hora.
"Muitos dos trabalhadores asseguram a manutenção da refinaria há 30, 20 ou 10 anos e entre os ultra precários, que trabalham à hora, também há quem preste este serviço há 5 anos"", salientou o sindicalista.
A CMN começou hoje a notificar os trabalhadores em causa e dispensou-os com efeitos imediatos.
Entre os despedidos está um dirigente do Site Sul e um delegado sindical do mesmo sindicato.
A empresa subcontratada vai manter na refinaria 30 ou 40 trabalhadores, mas Hélder Guerreiro considerou que esse número é insuficiente para assegurar a manutenção da petrolífera em Sines.
"Quando discutimos os serviços mínimos para a greve que fizemos há um ano na refinaria de Sines, a Petrogal insistiu que precisava de cerca de 100 trabalhadores para assegurar a manutenção, por isso eles devem ser mesmo necessários", disse.
Segundo o sindicalista foi a Martifer que forçou o despedimento, mas a Petrogal é igualmente responsável.
Fonte oficial da Martifer disse à Lusa que os trabalhadores em causa não têm qualquer vínculo contratual com a Martifer.
Hélder Guerreiro lamentou que as empresas estejam a aproveitar-se dos constrangimentos causados pela covid-19 para despedir.
"Nesta altura, com o estado de emergência, nem sequer podemos convocar uma concentração ou uma manifestação para denunciar a situação e os tribunais também só funcionam para caso urgentes", disse o sindicalista.
Este era um dos casos que o coordenador da Fiequimetal, Rogério Silva, pretendia discutir com a ministra do Trabalho e, por isso, pediu uma reunião urgente há uma semana, mas sem sucesso.
O objetivo da reunião, à distância como mandam as atuais regras de saúde pública, era denunciar casos de abusos cometidos por empresas face aos constrangimentos causados pela covid-19.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 750 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 36 mil. Dos casos de infeção, pelo menos 148.500 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 140 mortes e 6.408 casos de infeções confirmadas. Dos infetados, 571 estão internados, 164 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.
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