Os estabelecimentos em causa se dedicam, "na sua maioria, à produção de equipamentos ou componentes utilizados nas indústrias alimentares, de saúde e de equipamentos de proteção e segurança".
Coronavírus: 30 empresas autorizadas a reiniciar atividade em Ovar
As empresas autorizadas pelo Governo a laborar durante o estado de calamidade pública declarado em Ovar devido à covid-19 são já 30, a avaliar pelos diplomas emitidos nos últimos dias pelo Ministério da Economia e Conselho de Ministros.
O primeiro documento relativo aos tempos de exceção que se vivem nesse município do distrito de Aveiro é a Resolução do Conselho de Ministros n.º 18-B/2020, que sexta-feira autorizava os fabricantes de "equipamentos de proteção e segurança" a manterem atividade durante o cerco, o que abriu caminho à retoma do funcionamento pelo menos da Bosch Secutiry Systems.
Entretanto, segunda-feira o Ministério da Economia emitiu o Despacho n.º 4235-A/2020, alargando essa autorização especificamente à Alcobre, Bi-Silque, Cordex, Kirchhoff Automotive Portugal, Polipop, Tecnocabel, Valmet e Yazaki Saltano Ovar.
Hoje o mesmo gabinete emite dois outros diplomas: o Despacho N.º 4235-C/2020, viabilizando a laboração da Elastictek e da Exporplás, e o Despacho N.º 4270-B/2020, abrangendo mais 19 empresas.
São elas: a Cosmopak - Indústria de Cosméticos e Embalagens, Enfios, Ferral - José Luís & Cia., Ferromar - Comércio e Indústria de Fernando de Pinho Teixeira, Flex 2000 - Produtos Flexíveis, Fopil - Fábrica Ovarense de Plásticos Industriais, IPTE Ibéria - Automação Industrial, Jacinto Marques de Oliveira e Sucessores, Lusotufo - Indústrias Têxteis Irmãos Rolas, M. Oliveira Perfis Metálicos, Metalúrgica Falcão & Filhos, Omnicor - Manufaturas Internacionais de Cordoarias, Poly Lanema, Ramada Aços, Researchpack, Safina - Sociedade Industrial de Alcatifas, Sicor - Sociedade Industrial de Cordoaria, Sika Portugal - Produtos Construção e Indústria e Stow Ovar Manufacturing.
O ministério da Economia refere nesse último despacho que os estabelecimentos em causa se dedicam, "na sua maioria, à produção de equipamentos ou componentes utilizados nas indústrias alimentares, de saúde e de equipamentos de proteção e segurança, sendo por isso essenciais para o regular funcionamento destas cadeias de valor".
O documento realça ainda que "a interrupção da sua atividade é suscetível de impactar fortemente o funcionamento da vida comum".
Numa publicação na rede social Facebook, o presidente da Câmara Municipal de Ovar, Salvador Malheiro, vem hoje dizer que esse caráter de exceção "não é justo para o pequeno e médio empresário", o que já proclamara segunda-feira, após várias notícias dando conta da insatisfação de empresas locais quanto à distinção criada entre vários setores.
Esta manhã, o autarca do PSD acrescentava: "Defendo que, depois da Páscoa, na próxima terça-feira, mantendo-se este cenário de tendência positiva dos novos casos [de covid-19], toda a indústria no município de Ovar deve poder trabalhar".
Insistindo, contudo, que "a atividade económica não pode pôr em causa a saúde pública", Salvador Malheiro declara que o Governo se deve pronunciar em despacho sobre a retoma de toda a economia local "o mais rapidamente possível, para que as empresas se possam preparar com tempo".
O presidente da Câmara argumenta ainda: "Depois de tanto esforço e penalização dos nossos empresários, correspondente à aquisição de muitos ventiladores [para hospitais], é hora de começarmos a reerguer a nossa economia".
O líder da bancada municipal de Ovar do CDS-PP, Fernando Camelo de Almeida, critica, contudo, este "circo do cerco" e as "cambalhotas políticas" de Salvador Malheiro, apontando-lhe contradições e afirmando que a autorização gradual pra milhares de pessoas trabalharem no concelho "é só para [lhe] dar tempo de antena na Imprensa, para dificultar a vida aos 'pequenos' [empresários] e fomentar o estigma sobre os vareiros".
Para demonstrar esse raciocínio, o político que é membro da direção nacional do CDS recorda: "A 02 de abril, o presidente da câmara diz que defende a manutenção do cerco para não desperdiçar todo o trabalho positivo que foi feito em Ovar, porque a situação ainda não está controlada; no dia 02 há pelo menos duas empresas que começam a laborar; dia 05 é permitida a laboração de mais oito empresas; hoje autorizam a laboração de duas e horas depois sai uma nova autorização para a laboração de mais 19".
Com base nessa evolução, Fernando Camelo Almeida conclui: "O presidente da câmara - que, para umas coisas diz ser ouvido pelo Governo e para outras já não - vem agora dizer que defende a abertura de todas as empresas na próxima terça-feira. Tinha sido mais correto não terem renovado o cerco sanitário e tinha-se evitado toda esta trapalhada e também a injustiça intolerável para com as pequenas e médias empresas".
O novo coronavírus responsável pela pandemia da covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 75.000 morreram. Ainda nesse universo de doentes, mais de 290.000 recuperaram.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 345 mortes, mais 34 do que na véspera (+10,9%), e 12.442 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 712 em relação a segunda-feira (+6%).
A 17 de março, o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar, que a partir do dia seguinte ficou sujeito a cerco sanitário com controlo de fronteiras e suspensão de toda a atividade empresarial não afeta a bens de primeira-necessidade. A medida foi entretanto prolongada até 17 de abril.
Todo o país está desde as 00:00 de 19 de março em estado de emergência, o que vigora até às 23:59 do dia 17 de abril e proíbe toda a população de circular fora do seu concelho de residência entre a próxima quinta e segunda-feira, para desincentivar viagens no período da Páscoa.
Descubra as Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.