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" Na abertura do ano judicial a Senhora Procuradora-Geral da República referiu que é urgente a revisão do Estatuto do Ministério Público para o bom funcionamento desta magistratura. Pelos vistos essa urgência ainda não chegou ao Terreiro do Paço…"
Em Setembro de 2014 entrou em vigor a nova organização judiciária.
A mesma assenta num novo modelo de comarca e de gestão.
A comarca deixou de ser uma pequena circunscrição, correspondente em muitos casos à área do município e passou a abarcar o território equivalente ao distrito.
Para gerir a nova realidade criou-se um conselho de gestão constituído por um juiz presidente, um procurador coordenador e um administrador judiciário.
As pessoas em causa têm como competência a gestão de recursos na sua área de actuação, bem como a deliberação relativamente a matérias comuns.
No que diz respeito ao Ministério Público, à boa maneira portuguesa, as estruturas de coordenação e chefia multiplicaram-se no interior das comarcas, criando-se muitas zonas de ineficácia.
Muitos procuradores-adjuntos que antes da reforma eram coordenados apenas por uma pessoa, passaram a ter de reportar a 3 ou 4 coordenadores diferentes.
Ao mesmo tempo que a reforma judiciária colocou a nu a falta de quadros do Ministério Público, o número de relatórios e funções burocráticas aumentou de forma exponencial.
A produção de dados estatísticos no interior das comarcas passou a ocupar uma parte do tempo dos magistrados.
Nunca se efectuaram tantos mapas, relatórios e outros elementos estatísticos como actualmente.
Apesar da generalidade dos elementos solicitados aos procuradores poderem ser extraídos do sistema informático continua a pedir-se o fornecimento dos mesmos.
O que era anteriormente resolvido de forma fácil e por via informal agora tem de ser tratado por ofício.
Neste mês os magistrados do Ministério Público têm de efectuar uma multiplicidade de relatórios sectoriais sobre o estado da sua actividade.
Quem trabalha com várias áreas tem de efectuar um relatório por sector, acompanhado dos respectivos mapas estatísticos.
A burocracia está a esmagar os magistrados e a retirar-lhes tempo para o exercício das suas funções.
Em muitos dos casos a informação prestada nem sequer é lida.
Numa reunião uma magistrada referiu ao seu superior hierárquico que o telhado do seu tribunal era de amianto.
O espanto e a indignação foram grandes, mas esse facto foi referido durante cerca de uma década em diversos relatórios que ninguém leu.
A nova organização judiciária está a criar um monstro burocrático.
É preciso simplificar os processos do Ministério Público para que os magistrados se possam concentrar no seu verdadeiro trabalho.
A juntar a isto, a organização do Ministério Público continua por definir.
Na abertura do ano judicial a Senhora Procuradora-Geral da República referiu que é urgente a revisão do Estatuto do Ministério Público para o bom funcionamento desta magistratura.
Pelos vistos essa urgência ainda não chegou ao Terreiro do Paço…
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