O embaixador em funções dos EUA na Ucrânia, William Taylor, assumiu, esta quarta-feira, ter percebido que havia dois canais políticos a ligar Washington e Kiev: "um regular e um irregular". Esta declaração foi feita durante a primeira audição pública do processo de destituição do presidente norte-americano, Donald Trump. Também o vice-secretário adjunto dos EUA para os assuntos europeus e euro-asiáticos, George Kent, está a ser ouvido no interrogatório transmitido pelas televisões.
O processo de impeachment contra Trump baseia-se na possível pressão do líder da Casa Branca ao homónimo da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, para que esteve investigasse Joe Biden – o ex-vice-presidente dos EUA, durante a administração de Barack Obama, encontra-se a disputar a corrida para a candidatura Democrata para as presidenciais de 2020 e é encarado como o favorito para a nomeação.
Trump e vários membros do Partido Republicano levantaram suspeitas de corrupção contra o filho de Joe Biden, Hunter Biden, que fez parte do conselho de administração de uma empresa ucraniana de gás (Burisma), entre 2014 e o corrente ano. Num telefonema realizado em meados de julho, Trump terá pedido e incentivado o seu homólogo da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, a avançar com uma investigação a Hunter.
A divulgação desta informação, através de um denunciante, e as suspeitas então levantadas em redor do líder norte-americano levaram a que a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, anunciasse, a 24 de setembro, que aquela câmara ia dar início a um inquérito parlamentar com vista a um processo de destituição de Trump. O presidente norte-americano nega ter cometido qualquer ilegalidade e a Casa Branca anunciou que não irá cooperar com a investigação.
William Taylor já foi ouvido anteriormente pelos congressistas, à porta fechada, tendo garantido que tinha uma "compreensão clara" de que o governo dos EUA pretendia congelar a ajuda militar à Ucrânia até que esta investigasse adversários políticos do presidente norte-americano, como este queria.
Segundo a transcrição do depoimento, o embaixador dos EUA em Kiev disse aos congressistas que percebeu que a ajuda militar à Ucrânia, e não apenas a marcação de uma reunião do novo presidente ucraniano com Trump, estava pendente do compromisso de Kiev com a realização de investigações ao ex-vice-presidente Joe Biden. "Esta era a minha clara compreensão: o dinheiro para a assistência de segurança não seria disponibilizado até que o presidente [da Ucrânia] se comprometesse em fazer a investigação", afirmou Taylor.
O diplomata foi ainda interrogado sobre se estava ciente de que a expressão 'quid pro quo' significava "isto por isso", ou seja, troca de favores. "Estava", respondeu.
Esta sexta-feira, será ouvida em audição pública a ex-embaixadora dos EUA na Ucrânia, Maria Yovanovitch. A diplomata foi retirada do cargo de embaixadora na Ucrânia, por falta de confiança política, na altura em que Rudolph Giuliani começou a exercer pressão junto das autoridades ucranianas para investigarem a atividade de Hunter Biden.
A antiga embaixadora disse recentemente que foi removida do cargo após insistir que os pedidos de investigação à empresa de Hunter Biden fossem transmitidos às autoridades ucranianas seguindo o protocolo diplomático, o que não estava a suceder, no momento em que o advogado pessoal de Donald Trump se encarregou do assunto.
Durante a próxima semana, serão ouvidas mais oito testemunhas relacionadas com a diplomacia norte-americana, a Casa Branca e o Departamento de Estado.
Apesar do processo ter recebido os votos suficientes para arrancar, o impeachment deve esbarrar contra a maioria republicana no Senado – seria precisos ¾ dos votos para Trump ser destituído e obrigado a abandonar a Casa Branca.
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