O Partido Socialista búlgaro considerou hoje uma "desgraça" a decisão do Governo de Sofia transferir o seu apoio de Irina Bokova para Kristalina Georgieva na corrida a secretária-geral das Nações Unidas, de acordo com o site do Sofia Globe.
REUTERS/Brendan McDermid
O Executivo do primeiro-ministro búlgaro, Boiko Borisov, decidiu mudar o apoio da actual directora da Unesco para a actual vice-presidente da Comissão Europeia, Katalina Georgieva, depois do afundamento de Bokova na primeira fase de votações indicativas pelo Conselho de Segurança.
A Bulgária anunciou, antes da última votação do Conselho de Segurança, que ocorreu esta segunda-feira, que poderia retirar o apoio a Irina Bokova, caso a candidata não figurasse no primeiro ou segundo lugares, mas esta piorou o seu resultado e teve sete votos "desencorajantes", contra seis "encorajamentos".
Bokova, que exerce o segundo mandato à frente da Unesco, foi sempre uma candidata incómoda para a coligação de centro-direita que governa a Bulgária, devido ao seu passado comunista e trajecto político até ao Partido Socialista (PS) búlgaro, pelo qual chegou a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros nos anos 90.
A líder do PS búlgaro, Kornelia Ninova, disse hoje que a mudança do apoio de Borisov é "inaceitável e inconsistente", considerando que apenas revela que o Governo búlgaro sucumbiu à influência externa em detrimento dos interesses nacionais da Bulgária, ainda segundo o Sofia Globe.
Também o partido do ex-Presidente Georgi Purvanov, saído do PS búlgaro e fundador de um dos dois partidos mais pequenos representados na Assembleia Nacional em Sofia, o ABV, considerou a decisão como "decepcionante", pela voz de uma sua deputada, Mariana Todorova.
"Pensamos que a soberania da Bulgária e do Governo búlgaro estão em causa porque [esta decisão] foi obviamente influenciada por muitos fatores estrangeiros", afirmou Todorova, citada pelo mesmo órgão búlgaro.
A deputada considerou ainda que Georgieva "não tem hipóteses" e isto foi "confirmado repetidamente por muitos analistas".
Gemma Grozdanova, deputada do Cidadãos pelo Desenvolvimento Europeu da Bulgária (GERB), o partido de Boiko Borisov, manifestou, em contrapartida, a concordância com a decisão, considerando que irá aumentar as possibilidade de sucesso numa candidatura búlgara ao cargo máximo das Nações Unidas.
O que interessa é o resultado final, "é uma coisa muito importante para a Bulgária, portanto olhemos para isso de forma positiva", afirmou Grozdanova.
Mustafa Karadaya, líder do Movimento para os Direitos e Liberdades (MDL), oposição, terceiro maior partido no parlamento búlgaro, considerou que "enquanto Estado, a Bulgária já fez muito para comprometer o sucesso nesta corrida. Vemos a decisão de hoje como mais uma que prejudica a imagem do país e em nada contribui para o sucesso na candidatura".
Dimitar Delchev, um deputado do Bloco Reformista, uma coligação de centro-direita apoiante do Governo de Borisov, afirmou que Georgieva, enquanto candidata de centro-direita, europeia, uma candidata da Comissão Europeia, uma europeia de leste é "uma boa candidata".
"Acreditamos que a liderança das Nações Unidas deve ser assumida por uma pessoa com um pensamento de centro-direita, tal como as pessoas que dirigem o Conselho da Europa e a Comissão Europeia", afirmou Delchev.
Descubra as Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.