Presidente chileno demite governo e suspende estado de emergência

Sebastián Piñera, o presidente chileno, assinou este domingo os decretos que suspendem o estado de emergência naquele país. Durante mais de uma semana os militares estiveram nas ruas a tentar controlar as manifestações contra o governo. Pelo menos 18 pessoas morreram durante os conflitos e milhares de pessoas foram detidas. 

A medida entrou em vigor esta madrugada e visa "contribuir para que o Chile recupere a normalidade institucional", segundo um comunicado da presidência de Piñera. A retirada militar já tinha sido anunciada no sábado, um dia depois de uma manifestação que uniu cerca de um milhão de pessoas nas ruas de Santiago, a capital daquele país. Esta foi a maior demonstração pública no Chile desde 1990, com a queda de Augusto Pinochet.

Piñera havia decretado estado de emergência a 18 de outubro, quando começaram as manifestações da população que criticaram as medidas liberais impostas pelo executivo atual. A par das manifestações pacíficas, houve vários confrontos com a polícia e ainda motins que originaram incêndios e assaltos. A implementação de estado de emergência levou os militares à rua e implementação de um recolher obrigatório. No momento mais crítico da atuação militar, todas as regiões, com exceção de Aysen, no extremo-sul, tinham no mínimo uma cidade com destacamentos das Forças Armadas nas ruas.

O toque para as manifestações foi dado pelo aumento do preço dos bilhetes no metro de Santiago - entretanto revogado pela administração. No entanto os protestos evoluíram e centraram-se na crítica à desigualdade daquele país.  

Apesar da revogação do aumento dos preços dos bilhetes, os manifestantes continuaram a protestar, o que levou o presidente chileno a anunciar uma vasta remodelação governamental. "Pedi a todos os ministros para apresentarem a demissão para poder formar um novo governo e poder responder às vossas exigências", declarou o Chefe de Estado numa mensagem ao país.

Esta onda de contestação acontece quando o país se prepara para receber importantes reuniões internacionais.

Dentro de três semanas, está marcada a cimeira do Fórum Económico Ásia-Pacífico, que deve contar os presidentes da China, dos EUA e da Federação Russa.

Para dentro de um mês, está marcada a final da Taça dos Libertadores, em futebol, enquanto a 25.ª Conferência das Partes (COP25) da ONU sobre as alterações climáticas está prevista para dezembro.

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