Tatiana Salem Levy: a escritora que chegou ao paraíso
Mudou de casa, escreveu um livro e teve um filho. Chamaram-lhe um dos melhores escritores brasileiros de sempre. Quando a poeira assentou, sentámo-nos com ela
Faltavam 10 minutos para a hora combinada. Noutras circunstâncias, chegar 10 minutos antes seria um elogio (quantas vezes não se atrasa um jornalista?), nestas seria simplesmente um atrevimento. No segundo andar daquele prédio de Lisboa estava a escritora que esta semana lança o seu terceiro romance, Paraíso, Tatiana Salem Levy - ela e a sua circunstância de ser mãe há apenas quatro meses.
O acordo tinha sido selado ao telefone, primeiro sob o ruído de um metro a assapar na linha Azul, depois via iMessage: a entrevista podia dar-se, claro, mas no ninho do Vicente. Dez minutos antes da hora marcada, restou-nos esperar. Esperámos orgulhosos da nossa sensatez - apenas para à hora marcada fazermos a maior asneira de todas. Quem usa a campainha quando há um bebé em casa? Exactamente.
Só uma descontracção muito brasileira ("Não faz mal, ele estava acordado mesmo...") salvou o momento. O Vicente haveria de requisitar a atenção da mãe lá mais à frente mas agora não se vingava. A mãe, autora multipremiada que a Granta elegeu como uma das mais promissoras vozes da literatura brasileira contemporânea e a quem The Independent chamou um dos melhores escritores brasileiros de sempre, tinha de dar uma entrevista. Que começou com uma perguntinha básica, como se diria no Rio, onde cresceu.