Há mais quatro restaurantes no mapa dos estrelados, outros três perderam a sua única estrela e Rui Paula tem agora duas estrelas na Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira. Contas feitas, a constelação das estrelas Michelin em Portugal não aumenta muito em número: eram 26, agora são 28 estrelados.
A promessa feita pelo Guia Michelin Espanha e Portugal não parece ter tido grande resultado prático para o território nacional, já que se falava num crescimento de todas as secções do guia.O Epur (em Lisboa, chef Vincent Farges), Fifty Seconds (Lisboa, chef Martín Berasategui), Mesa de Lemos (Viseu, chef Diogo Rocha) e o Vistas (Vila Nova de Cacela, chef Rui Silvestre) ganharam a sua primeira estrela. Já Henrique Leis e Willie’s (ambos no Algarve) e o L’AND Vineyards, em Montemor-o-novo, perderam esta distinção.
Rui Paula elevou à segunda estrela a Casa de Chá da Boa Nova, um edifício virado para o mar e com a assinatura de Siza Vieira. O chef mediático (é juri de concursos de televisão como o Masterchef Portugal) tinha sido elogiado por Ferran Adriá, chef-estrela espanhol, na sua passagem por Portugal, este ano e o burburinho em torno do chef do norte confirmou-se. Se as segundas estrelas são entregues com parcimónia a Portugal (no ano passado apenas o Alma, de Henrique Sá Pessoa, ascendeu a esse patamar), terceiras estrelas são inexistentes. Ano após ano, há esperança no Belcanto de Avillez ou no Ocean de Neuner, mas o guia ibérico - que Espanha ocupa com grande força - não parece ser generoso com a cozinha lusa.
A nova geração de chefs portugueses não sai empoderada com a entrega de estrelas deste ano, esta quarta-feira no Teatro Lope de Vega, em Sevilha, Espanha. Os mais novos são Diogo Rocha, a cozinhar na Mesa de Lemos, em Viseu, e Rui Silvestre, do Vistas, no Algarve. Para Silvestre, ganhar uma estrela não é, no entanto, uma novidade. Foi ele que em 2015 conquistou a estrela para o Bon Bon, no Algarve. Na altura foi o mais jovem português a atingir o prémio, com 29 anos. Em Julho de 2018, depois de ter passado por Lisboa com o restaurante Quorum, voltou para o sul, para o Vistas, o restaurante de fine dining do resort Monte Rei, em V. N. de Cacela.
Os restantes são veteranos: Vincent Farges abriu o Epur, no Chiado, em maio de 2018, com uma cozinha entre a escola francesa e o produto português, com o Tejo em pano de fundo; no entanto, as estrelas não lhe são estranhas: durante dez anos chefiou a Fortaleza do Guincho e manteve aí este galardão.
Para Martín Berasategui - o espanhol à frente do Fifty Seconds na Torre Vasco da Gama (o mais alto restaurante de Lisboa) - este prémio é apenas previsível. Berasategui colecionava até agora 10 estrelas no conjunto dos seus restaurantes: sabe do que o guia gosta e sabe-se que o guia gosta dele. Quando, no ano passado, abriu o seu primeiro restaurante em Lisboa falou-se com alguma certeza de que esta seria uma aposta ganha para que o Myriad Hotel (a que pertence o restaurante) ficasse com uma estrela. Neste capítulo não se pode esquecer o mérito de Filipe Carvalho, que tem a chefia executiva do restaurante e está na cozinha a tempo inteiro.
Henrique Leis, L'AND e Willie's perdem estrelas
Manter estrelas Michelin é uma ansiedade e há quem não queira viver assim - seja porque os deuses do livro vermelho ouviram os pedidos de Henrique Leis, ou porque não consideraram que o restaurante com o seu nome (no Algarve) estivesse ao nível do guia, o facto é que na versão de 2020 do livro vermelho não encontramos Henrique Leis.
Sem pedidos para sair, mas com o mesmo destino: L’AND Vineyards, chefiado por José Miguel Tapadejo (Montemor-o-novo), também perdeu a estrela que tinha. A relação do L’AND com o Guia Michelin é conturbada. Em oito anos de chefia de Miguel Laffan, o restaurante ganhou uma estrela, perdeu-a e recuperou-a. Com a saída deste chef no início do ano, começou a pairar a questão da manutenção da estrela na casa agora chefiada por José Tapadejo, discípulo de Laffan. O guia não se convenceu.
Já no Algarve, zona de grande concentração de restaurantes Michelin, eram oito restaurantes. Passam agora a sete também por causa da saída do Willie’s, uma espécie de vivienda discreta, junto a um campo de golfe e ao hotel Hilton, que mantinha este galardão desde 2006, sob as indicações do alemão Willie Wurger.
É Lisboa que sai a ganhar: com a entrada do Epur e do Fifty Seconds para a lista, tem tantos restaurantes com estrela como o Algarve - sete.
Veja a lista dos restaurantes portugueses distinguidos pelo Guia Michelin em 2020:
Uma estrela:
A Cozinha (Guimarães, chef António Loureiro)
Antiqvvm (Porto, chef Vítor Matos)
Bon Bon (Carvoeiro, chef Louis Anjos)
Eleven (Lisboa, chef Joachim Koerper)
Epur (Lisboa, chef Vincent Farges) -- novidade
Feitoria (Lisboa, chef João Rodrigues)
Fifty Seconds (Lisboa, chef Martín Berasategui) -- novidade
Fortaleza do Guincho (Cascais, chef Gil Fernandes)
G Pousada (Bragança, chef Óscar Gonçalves)
Gusto by Heinz Beck (Almancil, chef Daniele Pirillo)
LAB by Sergi Arola (Sintra, chef Sergi Arola e Vlademir Veiga)
Largo do Paço (Amarante, chef Tiago Bonito)
Loco (Lisboa, chef Alexandre Silva)
Mesa de Lemos (Viseu, chef Diogo Rocha) -- novidade
Midori (Sintra, chef Pedro Almeida)
Pedro Lemos (Porto, chef Pedro Lemos)
São Gabriel (Almancil, chef Leonel Pereira)
Vista (Portimão, chef João Oliveira)
Vistas (Vila Nova de Cacela, chef Rui Silvestre) -- novidade
William (Funchal, chefs Luís Pestana e Joachim Koerper)
Duas estrelas:
Alma (Lisboa, chef Henrique Sá Pessoa)
Belcanto (Lisboa, chef José Avillez)
Casa de Chá da Boa Nova (Leça da Palmeira, chef Rui Paula) -- novidade
Il Gallo d'Oro (Funchal, chef Benoît Sinthon)
Ocean (Alporchinhos, chef Hans Neuner)
The Yeatman (Vila Nova de Gaia, chef Ricardo Costa)
Vila Joya (Albufeira, chef Dieter Koschina)
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