Boas Pessoas é um espectáculo sobre o jogo difícil do dia-a-dia, em que muitas vezes faltam moedas até para o bilhete do metro. O texto é de David Lindsay-Abaire, dramaturgo e guionista americano, e procura no bingo uma metáfora para a tentativa de fuga daqueles que querem fugir ao desconforto.

O drama - com personagens caricaturais, a representar "o bairro" - foi adaptado a um ambiente operário luso: nas falas há palavras bem populares como "esbardalhar" e erros comuns como "a gente ficámos".

Fica o sentimento de que a peça assenta demasiado no talento de Maria João Abreu para representar o papel de "mulher do povo" sem papas na língua e alguma marotice, num registo que lhe conhecemos há décadas. À cena do conflito com o ex-namorado (Pedro Laginha), agora "doutor", falta densidade, mas aí o problema é notoriamente do texto, forçado na sua viragem, gratuito na tragédia que quer de um momento para o outro revelar.

Crítica de Nuno Costa Santos
Nota: 3 estrelas

Teatro Aberto, Lisboa
Até 21/2 (excepto 30 e 31/12)
4.ª a sáb., 21h30 || Dom., 16
€15 

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