Há pelo menos dez razões para gostar de Bons Rapazes, mesmo se a qualidade do enredo não é uma delas. Na verdade, Shane Black – o argumentista de sucessos que marcaram a minha adolescência, como Arma Mortífera ou A Fúria do Último Escuteiro e que se tornou também realizador com Kiss Kiss Bang Bang (2005) – nem sequer parece muito interessado em que a história faça sentido.

Em Los Angeles de 1977, há uma estrela porno que morre em circunstâncias misteriosas, uma jovem para ser encontrada e um filme para adultos que não pode ser visto. Questões que apenas servem para juntar Healy e March, dois detectives privados, permitindo um sem-número de diálogos hilariantes que, aliados às situações de humor negro, violento e inteligente, fazem de Bons Rapazes um dos filmes mais divertidos do ano.

Nos Estados Unidos, chamam a isto um Buddy Movie – a especialidade de Black – e quem se lembrou de Russell Crowe e Ryan Gosling para os papéis merecia um prémio para melhor casting.

A química entre ambos é contagiante e Black sabe-o bem, deixando as cenas entre ambos decorrer mesmo quando já perderam a sua utilidade. Gosling, em particular, é uma revelação: March é alcoólico, meio cobarde meio idiota e um aldrabão, e o actor americano por quem as mulheres suspiram entrega-se com convicção a todas essas características, revelando inclusive um surpreendente talento para a comédia física - a sua cena sentado na sanita de uma casa de banho de um salão de bowling está à altura dos Irmãos Marx ou dos Três Estarolas.

O final pisca o olho a uma potencial sequela. Por mim, reservo já o bilhete.

Crítica de Tiago R. Santos
Nota: 4 estrelas e meia

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De Shane Black
E.U.A. || Comédia || M16 || 116 m
Com Russell Crowe e Ryan Gosling

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