Há Carte D’Or, há Olá dos Magnum em miniatura e em perfusão de sabores aos Cornetto sempre nos morango, chocolate e nata à confiança, há o gelado de marca branca visivelmente mais barato e a querer colar-se nas suas ideias a qualquer uma das anteriores marcas. Olhar para a arca congeladora do supermercado é mais ou menos isto. "Apesar de ter sido criada há 30 anos por um chef num restaurante francês, por não controlarmos a venda nos diferentes operadores [pastelarias e gelatarias fornecidas pela Carte d’Or], ou nos mais de nove mil restaurantes [onde se vendem sobremesas como a tarte Romântica] tem perdido a ideia de requinte. Queremos essa consistência de volta", explica Maria Paiva, da marca em Portugal. A equipa portuguesa da marca internacional quis dar o seu grande passo para isto: a primeira loja da Carte D’Or no mundo onde o cliente é inundado e pós dourados e de incentivos à partilha nas redes sociais.
Chamaram-lhe Studio Carte D’Or e fizeram-na nascer na rua que liga dois pólos agitados pelo turismo - o Chiado e o Cais do Sodré. Entra-se no número 24 da Rua do Alecrim e o panorama parece saído do Instagram - ou pronto para entrar nessa rede social. Ao fundo há sofás sofisticados, as paredes e mesas andam entre os brancos e os dourados, do tecto desce um candelabro feito de colheres e, nas paredes estão imagens de sobremesas complexas. À esquerda, um balcão com vitrine está cheiro de oportunidades - os sabores de gelado feitos para esta loja e que vão do caramelo ou chocolate a um algodão doce cheio de cor para comer em cones forrados a chocolate; ao lado, macarrons, condimentos crocantes e toppings para erguer sobremesas compostas em pratos para comer na loja.
Começa-se com uma peça de pastelaria francesa, para fazer lembrar a génese da marca, diz Maria. Para já um macarron, no futuro serão outras; leva gelado como recheio, uma cobertura líquida de lemon curd, chocolate ou frutos vermelhos e pedaços de chocolate com flor de sal, brownie, granola, entre outros.
"Mais do que uma gelataria, queremos que seja um sítio onde o cliente pode ser artista e que inspire operadores que vendem a nossa marca", diz Maria Paiva que avança a Maison Carte D’Or, loja temporária da marca que esteve durante três meses em Paris no ano passado, como referência para esta iniciativa da equipa portuguesa. Aqui nada será temporário, é tudo para ficar com ligeiras alterações na carta de sabores com o passar das estações e com a necessidade de gerar atenção em torno da marca e da loja.
As combinações são múltiplas, mas sempre segundo um método predefinido e que garante que cada sobremesa tem diferentes texturas, sabores e um aspecto de #sobremesaperfeita - a hashtag que está nas paredes da loja e numa espécie estúdio fotográfico em miniatura. Numa caixa forrada a azul, os clientes colocam o seu prato e conseguem fotografá-lo num fundo uniforme.
No final da sobremesa montada, o gelateiro põe um pequeno suspiro algures no prato - a assinatura desta casa, que se completa um pouco mais ao lado: numa zona do balcão com menos informação - a dar muito jeito para filmar stories ou boomerangs para o instagram - um funcionário salpica tudo (quer seja um simples cone de baunilha ou um prato que parece lançar fogo-de-artifício) com um pó dourado (chocolate branco colorido com folha de ouro). E ainda lhe diz um "voilá!" enquanto lhe entrega o doce na mão.
"É muito importante a partilha nas redes sociais: as pessoas vão a um sítio não só porque viram nas redes de influencers, basta verem dois ou três amigos a partilhar", resume Maria. Não é, por isso, estranho ouvir estes gelateiros perguntarem se o cliente quer que repita os salpicos de pó dourado depois de um vídeo que correu mal.
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