Longe vão os tempos em que as temáticas gay e transgénero eram tabu, a ponto de estarem arredadas dos circuitos comerciais de cinema e televisão e confinadas a videoclubes envergonhados. Hoje, histórias de homossexuais ganham Óscares e até há comédias de sucesso - como Transparente ou Uma Família Muito Moderna - sobre personagens que escapam à heteronormatividade.

Não é de espantar, pois, que seja outra a orientação do festival Queer, que decorre pela 21.ª vez em Lisboa, de 15 a 23 de Setembro, no Cinema São Jorge, e depois no Porto, com a 3.ª edição, de 4 a 8 de Outubro, no Rivoli: mais do que filmes de entretenimento (ainda assim inevitáveis, nas noites festivas), interessa mostrar obras desta temática, mas experimentais, artísticas e activistas.

É nesse contexto que surge a retrospectiva (com 10 filmes, entre curtas e longas) de Shu Lea Cheang, activista dos direitos LGBTI (o I é de Intergéneo) que se dedica ao vídeo experimental e à net art desde os anos 80, focando questões sociais politizadas, e também Barbara Hammer, pioneira do cinema queer que mostra a sua visão vanguardista das relações lésbicas em Double Strength e Tender Fictions.

Nos documentários, os destaques vão para os dois filmes de Peter Friedman programados - Silverlake Life: The View from Here, diário de uma relação ensombrada pela sida, e Fighting in Southwest Louisiana: Gay Life in Rural America, sobre um gay assumido na década de 80 - e Robert Mapplethorpe: a Look at the Pictures, que Fenton Bailey e Randy Barbato realizaram para o canal HBO, mas que está mesmo a pedir um ecrã de cinema, por contar a história de um fotógrafo, da juventude em Nova Iorque à morte, em 1989, com imagens da magnífica obra - e da amizade ímpar com Patti Smith, claro.

Nas noites festivas, porém, os filmes são mais convencionais: God's Own Country, na abertura, conta a história de amor entre um agricultor inglês e um imigrante romeno, e Mãe Só Há Uma, no encerramento, lida com questões de família e género, partindo de um teste de ADN.

O que há mais no Queer Lisboa? Espreite o cartaz, aqui em baixo. 

CARTAZ

Cinema São Jorge
6.ª, 15/9, 21h God's Own Country (seguido de festa no Fontória, às 24h) • Sáb., 16/9, 17h Looping • 17h15 A Destruição de Bernardet • 18h Queer Pop 1 • 19h15 Abu • 19h30 Beach Rats • 21h30 Don't Look at Me that Way • 22h Corpo Elétrico • 23h30 When We Are Together... • 24h Colby does America • Dom., 17/9, 17h The Strangest Stranger • 17h15 Curtas 1 • 19h15 Curtas 1 • 19h30 Close-Knit • 21h30 The Choir Girls' Diaries • 22h Pieles • 23h30 Ulrike's Brain • 2.ª, 18/9, 17h The Strangest Stranger • 17h15 Small Talk • 19h15 Curtas 2 • 19h30 My Mother is Pink • 21h30 The Choir Girls' Diaries • 22h As You Are
• 23h30 Cuentos de Chacales • 3.ª, 19/9, 17h Pieles • 17h15 Donna Haraway • 19h15 Curtas 3 • 19h30 Occidental • 21h30 Vivir y Otras Ficciones • 22h The Beach House • 4.ª, 20/9, 17h Homogeneous, Empty Time • 17h15 The Beach House • 19h15 Curtas 4 • 19h30 I.K.U. • 21h30 Quand On a 17 Ans • 22h Fluid@ • 5.ª, 21/9, 17h Au-Delà de l'Ombre • 17h15 Jewel's Catch One • 19h15 Craigslist Allstars • 19h30 Entre os Homens de Bem • 21h30 Casa Roshell (seguido de festa no Rive-Rouge) • 22h Los Objetos Amorosos
• 23h30 Fresh Kill • 6.ª, 22/9, 17h In My Shorts 1 • 17h15 Los Objetos Amorosos • 19h15 Curtas Shu Lea Cheang • 19h30 Transit Havana • 21h30 Foreign Body • 22h 1:54 • 23h30 Enactone • 24h Berlin Drifters (seguido de festa no Construction) • Sáb., 23/9, 15h In My Shorts 2 • 16h Queer Pop 2 • 17h Être Cheval
• 17h15 100 Men • 22h Mãe Há Só Uma (seguido de festa no Titanic-sur-Mer)

€3/sessão; mais em: queerlisboa.pt

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