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Todos juntos com o pé no acelerador, rumo a um destino longe do “Inferno”

Encerra esta semana a COP 27 no Egito que reúne, entre outros, empresas, associações e representantes dos países (infelizmente com ausências relevantes), mas que é considerado por muitos como mais uma cimeira que pouco irá mudar a direção da “autoestrada para o inferno com o pé no acelerador”, referida pelo Secretário-Geral da ONU, Eng.º António Guterres.

18 Novembro 2022 12:16

O desafio é enorme. Para chegarmos a um aumento de 1,5ºC teríamos de cortar 45% das emissões de gases com efeito de estufa até 2030 ou em 30% para se atingir um aumento de 2ºC.


A boa notícia é que já se começaram a construir os primeiros metros de uma nova autoestrada em direção a um destino melhor; a má é que a estamos a construir de uma forma demasiado lenta.


Nos últimos anos, têm vindo a ser implementadas um conjunto de "transições energéticas" por via do aumento da produção de energia elétrica através de fontes renováveis, pela emergência de novos veículos que prometem descarbonizar o setor dos transportes e pela implementação de medidas que fomentem a eficiência energética nos diversos setores da sociedade.


Por exemplo, a forte aposta que tem vindo a ser realizada nas energias renováveis em Portugal, permitiu que terminássemos o ano de 2021 com 59% do consumo de energia elétrica abastecido por produção renovável, o que nos coloca como um dos países de referência neste domínio.


Mas como é que cada um de nós pode contribuir para acelerar a construção de uma nova autoestrada?


A eletrificação da economia é uma das grandes alavancas para a transição energética que progressivamente tem caminhado para um modelo mais descentralizado onde não só as empresas, mas também qualquer um de nós, passou a ter um novo poder que lhe permitirá acelerar este caminho de sustentabilidade e que trará benefícios económicos, sociais e ambientais. 


Desde 2015, e no âmbito do regime do autoconsumo, cerca de 120 mil pessoas que até há pouco tempo apenas consumiam energia elétrica, passaram também a produzir energia renovável por exemplo através de painéis fotovoltaicos colocados nos seus telhados. O mais curioso, é que quase metade destes novos autoconsumidores surgiram nos últimos 12 meses o que é demostrador de uma nova dinâmica de crescimento que se prevê que continue nos próximos anos. Outro exemplo, é a mobilidade elétrica onde a energia abastecida nos postos de carregamento ligados à rede Mobi.E cresceram ~100% este ano, face ao período homólogo do ano passado, e que permitiu por exemplo poupar quase 9 milhões de litros de combustíveis fósseis.


No entanto, você poderá estar a pensar: "mas eu não vou produzir energia no meu telhado e não tenho um carro elétrico; onde está o meu poder?"


Existem hoje muitas formas para que todos possamos contribuir de forma ativa e coordenada para a construção de uma nova autoestrada verde que nos conduzirá a um mundo melhor e que passa por uma nova economia de proximidade com modelos mais descentralizados e democráticos em que todos teremos uma palavra a dizer.


Por exemplo, as comunidades de energia vêm permitir que a produção de energia renovável seja mais inclusiva e democrática, aproximando a sociedade aos temas da energia e da sustentabilidade naquilo que é a construção de um futuro mais sustentável. Existem vários exemplos de comunidades que estão a ser criadas e que permitem que as pessoas de um prédio ou de um bairro, sem qualquer painel solar no seu telhado, possam usufruir da energia renovável produzida por um vizinho que partilha com eles o seu excedente de energia elétrica, permitindo que os membros dessa comunidade possam ter uma redução de custos. Para além disso, estarão a contribuir para um mix de energia cada vez mais verde com origem na sua rua ou no seu bairro e que também contribuirá para nos tornar mais independentes de recursos que não dispomos e que colocam em perigo a nossa segurança de abastecimento e a forma como vivemos, tal como assistimos na europa por causa da guerra na Ucrânia.


Neste contexto, as redes de distribuição de energia elétrica são um dos elementos-chave para esta transição descentralizada e democrática rumo à neutralidade carbónica e que Portugal assumiu recentemente estar em posição de antecipar para 2045. Por exemplo, nos próximos 3 anos, prevê-se a ligação de cerca de 3.500 MW (Megawatts) de nova potência renovável na rede de distribuição por parte dos grandes centros eletroprodutores o que corresponde um crescimento anual de 7x a potência ligada em 2021. Adicionalmente, a produção renovável que é produzida nas nossas casas, ruas ou bairros através do autoconsumo já representa hoje cerca de 700MW num total de 120 mil clientes. E o caminho é para crescer, prevendo-se que cerca de 100 mil novos clientes por ano, nos próximos 3 anos, adicionem cerca de 1.000 MW de potência renovável local.


Peça fundamental da nova rede de distribuição de energia elétrica são os contadores inteligentes que estão a ser instalados nas nossas casas. Atualmente, já existem em cerca de 4,5 milhões clientes (~70% do total) e a sua finalização está prevista para 2024. Através destes, será por exemplo possível realizar operações remotas tais como aumentar ou baixar a potência contratada, deixar de fornecer a sua leitura, mas também possibilitar a análise do seu perfil de consumo de energia e com isso poder adaptar os seus hábitos por forma a proteger o ambiente e a poupar o seu orçamento (os clientes em rede inteligente já poderão analisar os seus perfis de consumo através do Balcão Digital da E-REDES, que é o principal distribuidor de energia elétrica em Portugal Continental).


No entanto, as possibilidades que esta nova plataforma de redes inteligentes permite são mais amplas e transformadoras.  A "antiga" rede de distribuição que permitia um fluxo unidirecional de energia (dos grandes produtores para os consumidores) transformou-se agora numa rede bidirecional de energia (qualquer um pode produzir) mas também numa rede bidirecional de dados e de informação.


O tipo e a quantidade de informação que passou a ser gerada, potencia (desde que autorizada a partilha de informação pelos clientes) o aparecimento de um conjunto alargado de produtos e serviços por parte de novos agentes de mercado em áreas como a eficiência energética, a partilha de energia entre "vizinhos" ou de novos serviços de flexibilidade em que os clientes podem passar a ganhar dinheiro por exemplo pela redução dos seus consumos em períodos do dia em que o sistema elétrico possa necessitar.


Adicionalmente, e nesta nova era de Digitalização do setor elétrico, a E-REDES aposta também na transparência através da disponibilização de dados agregados relacionados com a sua atividade, através de um novo Portal de Open Data (por exemplo consumos mensais por código postal, ligações à rede por município) e que pode ser utilizada por diversos agentes da sociedade para potenciar a transição energética, inovação e conhecimento.


Em Portugal são já muitas as empresas que têm vindo a ser criadas recentemente e que conjuntamente com a comunidade científica e com as universidades, que conjugam uma componente de inovação tecnológica com a capacidade de envolvimento e de maior proximidade junto dos cidadãos na construção deste novo ecossistema que promove uma economia de proximidade local e sustentável e que se replicada muitas e muitas vezes, poderá ser decisiva numa mudança à escala global.


No início da década de 80 a sociedade uniu-se e inverteu-se a tendência de aumento do buraco do ozono; no início dos anos 2000 o anúncio da Sociedade Ponto Verde ensinou-nos que bastava 1 minuto para aprendermos a reciclar e hoje este é um hábito diário de muitos.


Por todos estes exemplos de sucesso e pela atual dinâmica de transformação descentralizada, democrática e inclusiva onde todos nós passámos a ter um novo poder para agir e influenciar a construção de uma nova transição energética, económica e social, estou convicto que teremos condições para vencer o maior desafio que a humanidade tem presentemente, pois estaremos Todos juntos com o pé no acelerador, rumo a um destino melhor!


*Artigo de opinião de João Filipe Nunes, Diretor da Direção de Gestão de Clientes, E-REDES.

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