Quais foram os principais sucessos este ano?
A Casa Ermelinda Freitas já obteve cerca de 200 medalhas em concursos nacionais e internacionais em 2020. Estamos, até agora, perante o melhor ano de sempre no que toca a prémios e distinções.
Entre elas destaco as 15 medalhas no Concurso Mundial de Bruxelas (CMB) de 2020, que se realizou no início de setembro em Brno, na República Checa, e saliento a Grande Medalha de Ouro obtida pelo RockSand Shiraz 2018, distinção alcançada por menos de 1% dos vinhos a concurso.
Destaque para o prémio de Best Of Show Península de Setúbal, atribuído ao vinho Vinha da Fava Touriga Nacional 2018 no concurso Mundus Vini 2020 – Edição verão, no qual a empresa alcançou nove medalhas de ouro e duas de prata. Também para as três ProdExpo Star alcançadas pelas referências Vinha da Valentina Reserva Signature, Vinha do Fava Touriga Nacional 2018 e Valoroso Chardonnay 2018, na competição realizada durante a feira ProdExpo 2020, que decorre anualmente na Rússia.
No XX Concurso de Vinhos da Península de Setúbal, o Casa Ermelinda Freitas Moscatel Superior de Setúbal Roxo 2010 recebeu as distinções de O Melhor Vinho e de O Melhor Vinho Generoso. O Dona Ermelinda Branco Reserva 2018 foi considerado O Melhor Vinho Branco.
No início deste ano, a empresa já tinha sido eleita Produtor Europeu 2020 no Sommelier Wine Awards, em Inglaterra, pelo segundo ano consecutivo. A competição premeia os melhores vinhos disponíveis nos restaurantes, bares e hotéis do Reino Unido, selecionados por um júri de 150 escanções.
É a primeira vez que esta distinção é atribuída duas vezes consecutivas a um produtor de vinhos tranquilos português. No evento, a Casa Ermelinda Freitas conquistou 12 medalhas, entre as quais quatro de ouro, seis de prata e duas de bronze. A grande novidade foi o ouro alcançado pelo vinho Campos do Minho, do nosso projeto mais recente, a Quinta do Minho, na Região dos Vinhos Verdes. Esta distinção recompensa o empenho de toda a equipa e mostra, mais uma vez, que estamos no caminho certo. Tantas e tão grandes honrosas distinções atribuídas aos vinhos da Casa Ermelinda Freitas provam a grande qualidade destes, que procuramos pôr no mercado ao melhor preço.
Como é que está a correr o mercado de exportação?
Estamos a ver como evolui o mercado na situação atual de pandemia que estamos a enfrentar, mas, até agora, estamos a crescer no que diz respeito à exportação.
Estamos atualmente em várias dezenas de países de todo o mundo, para onde estamos a exportar cerca de 40% da nossa produção. Mas ainda estamos longe de atingir os nossos objetivos, pois queremos ter uma posição mais abrangente no mercado internacional. Estamos, para além da Europa, no continente americano, em África e na Ásia, mas queremos estar num leque de mercados o mais abrangente possível e na mesa de todos os consumidores que gostam de vinho. Recentemente entrámos em Taiwan, na Nigéria e no Gana.
Como é que decorreu a vindima este ano?
Temos novas vinhas a produzir e também adquirimos uvas a mais produtores da região. Este ano a qualidade média das uvas que chegaram à adega foi muito boa, o que se vai sentir na qualidade dos próximos vinhos que iremos pôr no mercado.
Quais foram os passos mais marcantes da sua vida?
Um dos mais marcantes foi a minha saída de Fernando Pó para estudar. Outro foi o dia em que voltei, depois de 20 anos de trabalho como técnica superior da Função Pública, no Ministério da Saúde, numa área completamente diferente da do setor vitivinícola. Tudo isso levou, em conjunto com contingências do negócio, à criação posterior de uma marca própria.
Foi assim que a casa passou a ser reconhecida a nível nacional e internacional, em conjunto, é claro, com todo o trabalho realizado pela equipa, desde a vinha à adega, na produção de vinhos de qualidade, que pudessem ser reconhecidos pelos consumidores e pela crítica. Saliento, também, todo o trabalho comercial e de comunicação, feito cá e lá fora, para sustentar, não só o reconhecimento da empresa e dos seus vinhos, mas também as vendas da empresa.
Como serão os próximos 100 anos da Casa Ermelinda Freitas?
Este é um tempo difícil para fazer uma perspetiva do futuro com base em dados económicos e de mercado. A crise atual veio lembrar que há sempre algo inesperado que pode acontecer, que pode mudar os nossos planos e objetivos. O sucesso do trabalho que fizemos, até agora, para atenuar os efeitos da pandemia e a resposta do mercado e dos consumidores demonstram que a Casa Ermelinda Freitas e as suas pessoas são capazes de arredondar os espinhos do caminho. Por isso, acredito que irão enfrentar e superar os desafios futuros, e tornar a empresa ainda mais viva e ativa. Espero que o espírito dos nossos novos colaboradores se mantenha motivado e empenhado, e que os nossos novos consumidores continuem a preferir os vinhos da Casa Ermelinda Freitas daqui a 100 anos.
Douro e Vinhos Verdes
A Casa Ermelinda Freitas estendeu a sua atividade à região do Douro, com a aquisição da Quinta de Canivães, perto de Foz Coa, em 2018, e da Quinta do Minho, próxima da Póvoa de Lanhoso, na Região dos Vinhos Verdes, um pouco mais tarde. “Quando visito a região do Douro como turista, sinto a emoção do trabalho que se realiza naquelas terras e nas suas vinhas há centenas de anos”, conta Leonor Freitas, acrescentando que sempre teve vontade de “ter ali um pedaço de vinha”. O investimento, um sonho que foi sendo adiado por motivos económicos, foi realizado recentemente. Para a empresária, “trabalhar no Douro é um desafio que me agrada muito”. Os vinhos lá produzidos, com o apoio do enólogo Jaime Quendera, encontram-se a estagiar, à espera do momento certo para serem lançados no mercado.
O investimento no Minho foi uma oportunidade mais recente. Leonor Freitas revela já estar apaixonada pela região, depois de ter “sentido a alegria de provar” os seus vinhos verdes, que já alcançaram diversos prémios a nível internacional e estão à venda nas grandes superfícies.
Um ano inesquecível
Era para o ser, porque era o do centenário, aquele em que seriam comemorados os 100 anos da fundação da empresa. Tudo estava pronto, com os eventos programados para tornar 2020 num ano memorável para todos os que se relacionam com a empresa, incluindo as suas pessoas e os seus clientes. Mas tudo teve de ser adiado devido à pandemia de Covid-19, que vai fazer lembrar o ano atual como aquele em que tudo mudou. Pelo inesperado, pela incapacidade de resolução nos primeiros momentos, pelo impacto na sociedade e na economia, pela forma como afetou a humanidade e tem contribuído para alterar comportamentos em apenas meia dúzia de meses. Felizmente, a resolução do problema parece estar a caminho e o próximo ano será certamente melhor. É no próximo ano que se espera que a economia retome o seu rumo, para que a Casa Ermelinda Freitas possa realizar as comemorações previstas para os 100 anos da empresa. “Esperamos que seja o nosso ano de festejar a saúde de todos e os projetos adiados”, diz Leonor Freitas.
Quem é Leonor Freitas?
A proprietária e gestora da Casa Ermelinda Freitas é da terra. Nasceu e cresceu em Fernão Pó, onde fez a escola primária. Completou, depois, o resto dos estudos em colégios internos, pois os pais queriam que ela tivesse uma vida melhor, fora do mundo rural. Só vinha a casa aos fins de semana e nas férias.
Tirou mais tarde o curso de Serviço Social no Instituto Superior de Serviço Social, no Largo do Mitelo, em Lisboa, e trabalhou durante mais de 20 anos no Ministério da Saúde, no qual se dedicou em particular a áreas como a da prevenção contra o alcoolismo e das toxicodependências, etc. Não pensava voltar de novo ao mundo rural mas, no final da década de 90, o pai faleceu de repente e a mãe não tinha condições para levar o negócio para a frente sozinha. “É, por isso, que estou aqui e existe, hoje, a Casa Ermelinda Freitas”, explica a empresária, contando que voltou há mais de 20 anos.