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Estruturas locais antevêem resultado muito embaraçoso em Lisboa e esperam que o líder do partido assuma responsabilidades no day after. Nome da deputada estava de "reserva" após recusas de vários barões
"O meu silêncio é ruidoso." O desabafo de um dirigente local do PSD deixa pouca margem para dúvidas sobre a esperança que o aparelho "laranja" tem de obter um resultado satisfatório em Lisboa nas autárquicas do Outono tendo como candidata Teresa Leal Coelho. A escolha de Pedro Passos Coelho, já comunicada à distrital de Lisboa, não está a empolgar as hostes "laranjas" e um dirigente concelhio sugere à SÁBADO que o presidente do partido e o coordenador autárquico deverão saber retirar ilações da gestão de todo o processo.
"As estruturas têm de deixar claro que a escolha foi de Pedro Passos Coelho e de Carlos Carreiras. No dia seguinte, não venham dizer que a derrota é de todos", sustenta uma outra fonte local, dando sinais de resignação perante um desenlace eleitoral na maior autarquia do país que poderá ser embaraçoso para o PSD. Inclusivamente, ouviu a SÁBADO, pior que o de Assunção Cristas.
O desagrado com a forma como Passos conduziu este processo ganhou, de resto, eco nas redes sociais com publicações de dois dirigentes do PSD-Lisboa: Mauro Xavier e Rodrigo Gonçalves (presidente e vice-presidente, respectivamente, da concelhia). No Facebook, Xavier expressou "profundo desagrado" pela "metodologia" adoptada pelo líder do partido, nomeadamente pelo "não envolvimento da concelhia" na escolha da candidata.
Pouco depois, na mesma rede social, Gonçalves (que chegou a desafiar o próprio Passos a ir a votos contra Fernando Medina) lamentou que o presidente do partido "em registo turístico" na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), que visitou na manhã desta quinta-feira, tenha confirmado ter um nome fechado e que Carreiras tenha acrescentado, em declarações à Rádio Renascença, que o convite tinha sido aceite. "Vamos lá saber então quem é a escolha pessoal de Passos Coelho, Carreiras e Pinto Luz [presidente da distrital de Lisboa].?.. lá para domingo (se não sair num semanário primeiro). Depois de rejeitados nomes de peso como os de Nuno Morais Sarmento, por exemplo, espero um nome fortíssimo!", ironizou.
Mais contido, Mauro Xavier ressalvou no final da sua publicação que "este é o tempo do PSD estar unido em torno da sua candidatura". E aligeirava a pressão: "Os balanços só devem ser feitos depois dos votos contados. No que depender de mim, no dia das eleições, Passos Coelho estará com o seu candidato na varanda da Praça de Município."
A tese dos dois dirigentes suporta-se, aliás, nos próprios estatutos do partido, que determinam que as secções locais é que são responsáveis por propor as listas de candidatos às autarquicas às distritais, cabendo depois à Comissão Política Nacional a homologação dos nomes que delas constarem. Apesar de a prática do partido, nos últimos anos, indicar que costuma ser o presidente a escolher os candidatos a Lisboa e ao Porto, o desconforto por não terem sido sequer consultados fica bem patente nas palavras dos dois responsáveis locais.
No entanto, no PSD há também uma outra corrente que defende que Teresa Leal Coelho foi a solução "possível". "A Teresa está a ser uma patriota", diz uma fonte próxima da direcção de Passos, que reconhece, ainda assim, que o combate da deputada e também vice-presidente do partido será "muito difícil". "Se ela não tivesse aceitado ficávamos descalços", assinala o mesmo interlocutor, antes de recordar o rol de recusas que os sociais-democratas foram, formal ou informalmente ouvindo.
De recusa em recusa até ao recurso final
De acordo com a mesma fonte, além de Pedro Santana Lopes, também Nuno Morais Sarmento, Paulo Rangel, Rui Gomes da Silva, José Eduardo Martins, José Eduardo Moniz, entre outros, declinaram entrar na corrida a Lisboa, conforme a imprensa foi noticiando. Daí que Passos se tenha virado para a "prata da casa" e posto de reserva duas das suas vice-presidentes: Teresa Morais e Teresa Leal Coelho.
A aposta acabou por recair sobre Leal Coelho, como adiantara o Público no sábado, sobretudo por já ter experiência como vereadora em Lisboa, apesar de várias fontes camarárias denunciarem à SÁBADO a sua reduzida participação nos trabalhos do município. E mais: a Passos valeu a amizade de longa data que mantém com a deputada. "Alguém tinha de dar a cara pelo partido, mas só se faz isto com muito espírito de missão", assinala um dirigente do PSD.
Seja como for, existe também - mesmo dentro da Comissão Permanente - quem questione os timings de Passos, uma vez que, tendo guardado a decisão até agora, seria expectável que tivesse encontrado um nome de inegável notoriedade e capaz de galvanizar as bases do partido.
No domingo, a distrital do PSD reúne-se para fechar os cabeças-de-lista a Lisboa, Mafra, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira - ficando apenas a faltar Oeiras - e após o encontro Miguel Pinto Luz deverá confirmar a escolha de Passos. Para terça-feira estão marcadas reuniões da Comissão Permanente e da Comissão Política Nacional, nas quais o ex-primeiro-ministro comunicará formalmente a decisão ao seu núcleo duro. Dois dias depois, na quinta-feira, caberá ao Conselho Nacional discutir a opção.
Uma "janela de oportunidade", acredita o CDS
Confrontada pelos jornalistas com a escolha do ex-parceiro de coligação, Assunção Cristas saudou a entrada em cena de Teresa Leal Coelho, sublinhando ter a "melhor relação" com a candidata do PSD. "Acho que ser mulher é bom, sinto-me mais acompanhada nessa matéria. Se for essa a escolha do PSD - não sei se é - certamente que é positivo, como será positiva qualquer outra", realçou a presidente do CDS, após visitar também a BTL.
"Em disputas eleitorais, o que compete a todos nós é dar o nosso melhor, trabalhar intensamente para termos as melhores propostas para os lisboetas e, depois, a palavra é dos lisboetas", completou a líder centrista, sem querer abordar eventuais entendimentos pós-eleitorais entre as duas forças que chegaram a negociar uma eventual coligação em torno da própria Assunção.
No entanto, uma fonte próxima da líder dos democratas-cristãos não disfarçou, à SÁBADO, a satisfação pela escolha do PSD. "Para nós é óptimo. Abre-se uma janela de oportunidade", rematou.
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