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Jaime Nogueira Pinto ia falar na Universidade Nova sobre o Brexit, Trump e Le Pen, num debate organizado pela Nova Portugalidade. Mas perante as ameaças de invasão de estudantes, que acusam o movimento de "xenófobo, colonialista e fascista", a direcção cancelou o evento
O escritor e politólogo Jaime Nogueira Pinto iria falar esta terça-feira na Faculdade de Ciência Sociais e Humanas (FSCH) da Universidade Nova de Lisboa durante a conferência "Populismo ou Democracia? O Brexit, Trump e Le Pen em debate", organizada pelo movimento Nova Portugalidade. Contudo, apura a SÁBADO, rumores de uma eventual ameaça de invasão do auditório 2 da torre B, onde iria ocorrer o evento, obrigaram a direcção da FCSH a cancelar o debate.
Segundo um dos membros do movimento Nova Portugalidade, Rafael Pinto Borges, que também estava na organização da conferência, a fricção começou com a Associação de Estudantes da FCSH, que acabou por considerar o evento de "xenófobo, colonialista e fascista", através de um comunicado. "De início, a AEFCSH mostrou-se muito satisfeita com a realização da conferência, que considerou interessante e oportuna. Não poderíamos ter sentido maior surpresa: soubemos que a conferência tinha sido alvo de uma votação crítica pela Reunião Geral de Alunos. Mais tarde, a AEFCSH fez-nos chegar um comunicado acusando-nos e ao Professor Doutor Nogueira Pinto de promovermos um evento de 'cariz xenófobo, colonialista e fascista'", explica à SÁBADO Pinto Borges.
Nessa Reunião-Geral de Alunos, que ocorreu na passada quinta-feira, a associação de estudantes apresentou uma moção "para que fosse cancelado o pedido de reserva de sala feito pelo proto-núcleo Nova Portugalidade". "No entender dos proponentes desta moção este evento está associado a argumentos colonialistas, racistas, xenófobos que entram em colisão com o programa para o qual a AEFCSH foi eleita, além de entrar em colisão com a mais básica democraticidade e inclusividade", lê-se no documento, a que a SÁBADO teve acesso.
Ainda no documento, constam algumas queixas feitas por membros da AEFCSH durante a Reunião-Geral de Alunos. "Rita Lucas disse que estas pessoas [do movimento Nova Portugalidade] não deveriam ser toleradas porque não respeitam os mais básicos princípios de respeito e democraticidade, já que os seus ideais políticos são orientados em torno de princípios fascistas. João Nuno Paulo subscreveu este comentário, acrescentando, ainda, que não deve ser concedido qualquer tipo de espaço de ação para estes grupos, pois são bastante perigosos", lê-se no documento.
O membro da Nova Portugalidade garante que as acusações da AEFCSH são "calúnias". "O evento possuía um valor meramente académico e destinava-se a oferecer uma leitura racional do fenómeno populista", explicou. "A NP não é um partido e não tem publicado manifesto, carta de princípios ou programa, pelo que ficará por entender onde terão visto 'fascismo', 'xenofobia' ou 'colonialismo'" acrescentou.
Ao CM, Jaime Nogueira Pinto frisa "a intolerância de quem quer calar opiniões contrárias". "Há uma certa crispação e uma certa escalada nestas coisas. Começou noutros sítios e está a chegar aqui também. Estou habituadíssimo a discutir com pessoas que não pensam como eu, isso não é um problema para mim", acrescentou Nogueira Pinto ao Observador.
O director da faculdade, Francisco Caramelo, explicou o cancelamento ao jornal Observador: "Não queria transformar isto num evento que, devendo ser de discussão e de debate, possa desviar-se para extremos que não interessam, de maior conflitualidade entre as partes". Na óptica do director da faculdade, o problema terá surgido após o desagrado da Associação de Estudantes perante o "posicionamento político" do movimento Nova Portugalidade. "Uns ficaram incomodados com a associação e com o debate; os outros, os próprios estudantes do núcleo, porque sabiam desses incómodos, ficaram preocupados relativamente à segurança do evento", adiantou ao jornal online.
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