A televisão pública belga VRT, que exibiu propaganda pró-Palestina e anti-guerra durante a atuação de Israel na Eurovisão, anunciou que questionará o seu futuro no festival caso a União Europeia de Radiofusão (UER) não resolva as suas dúvidas sobre o televoto.
"A VRT exige total transparência da UER em relação às regras de votação. Mais uma vez, insta explicitamente todos os países a participarem no debate, com genuíno compromisso e preocupação para a continuidade da competição. A VRT e a UER colaboram efetivamente em muitos níveis, no entanto, sem uma resposta séria às nossas preocupações sobre o festival, questionamos a nossa participação futura", afirmou esta segunda-feira num comunicado a porta-voz da emissora, Yasmine Van der Borght.
Esta segunda-feira, um dos seus porta-vozes confirmou ao jornal espanhol El País que a UER nunca enviou uma carta a ameaçar com multas, depois de ter violado as regras do festival ao fazer declarações políticas durante a transmissão, tal como aconteceu com o caso espanhol. Contudo, esclareceu que, diferentemente da RTVE, solicita apenas um debate sobre como gerir o televoto no futuro.
Segundo a VRT, a emissora não deseja realizar uma auditoria dos votos do público durante a transmissão da final, que aconteceu no sábado, porque não tem "nenhuma indicação de que a contagem de votos tenha sido realizada incorretamente". Além disso, acrescentou que durante a final a emissora "transmitiu o sinal de forma íntegra, incluindo a música de Israel".
"Como membro leal da UER, durante os últimos meses fizemos todos os possíveis para manter um debate fundamental na UER sobre a Eurovisão. Atualmente, só podemos constatar que houve pouca abertura por parte da UER para participar neste debate", observou a emissora belga.
A VRT assinala ainda que a Eurovisão, tal como se organiza atualmente, "tornou-se cada vez menos um evento unificador e apolítico". Defende que está cada vez mais "em contradição com os seus padrões e valores originais, bem como com os padrões e valores da radiodifusão pública".
No entanto, segundo o El País, a VRT não pode decidir sobre a participação da Bélgica na próxima edição do festival da Eurovisão, que será realizado no ano que vem na Áustria, uma vez que partilha essa responsabilidade com outra emissora pública do país, a emissora francófona RTBF, que indicou que também está disponível para "trabalhar" em melhorias no processo de votação e na competição em geral.