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Este não é um pastel qualquer
Paradise, o novo EP de Anohni, não traz grandes surpresas
A vida não é um mar de rosas e Deus falhou ao criar os homens, "ecocidas" inatos, tão cegos pela testosterona e o individualismo que perpetuam guerras e erros comportamentais que inevitavelmente os conduzirão à extinção. A raiva é muita, a esperança escassa - e Anohni deposita-a nas mãos do género com o qual se identifica.
Isso já todos os fãs sabem e confirmaram no álbum de 2016, Hopelessness, o mais político de sempre da electro-pop (mesmo contando com The Knife, por exemplo, também cheios de atitude e filiados na mesma linha musical). Paradise, o novo EP, não traz, por isso, grandes surpresas: as letras continuam incisivas, a destilar inconformismo subversivo, que chama a atenção para os espinhos das rosas e se distancia definitivamente da delicadeza emocional da fase Antony and the Johnsons, e a sonoridade volta a soar como uma lâmina, ao mesmo tempo cortante e reluzente.
Hopelessness - que Anohni co-produziu com Hudson Mohawke e Oneohtrix Point Never, que agora repetem a função - ainda alinhavava, aqui e ali, uma harmonia acessível. Mas Paradise - cujas canções foram sendo reveladas nos concertos mais recentes da artista - mesmo nos seus momentos mais orelhudos, como Ricochet e a faixa titular, nunca soa a entretenimento: é duro de ouvir e mostra que se orgulha disso, com as suas distorções, repetições e dissonâncias.
Isso sente-se em especial em Jesus Will Kill You, a mais agreste de um conjunto de seis longas canções comprometidas com o feminismo e tão avessas ao capitalismo que parecem ter sido criadas para não terem potencial comercial, o contrário do que a pop sempre foi, como se Anohni estivesse decidida a inventar um novo paradigma para a indústria musical.
Crítica de Rita Bertrand
Nota: 4 estrelas
Paradise - EP
Electropop || Ed. Secretly Canadian
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